Suposto Líder dos Naparamas é Detido Durante Operação em Nampula

As autoridades moçambicanas detiveram em Nampula um homem apontado como o principal coordenador do grupo conhecido como “naparamas”, acusado de organizar um ataque contra uma posição policial há pouco mais de uma semana.

De acordo com Dércio Samuel, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula, o suspeito de 38 anos seria o responsável pela mobilização do grupo e pela elaboração das estratégias de ofensiva contra as Forças de Defesa e Segurança.

O ataque ocorreu em 16 de abril, no distrito de Malema, onde, segundo a polícia, cinco integrantes do grupo foram mortos durante a tentativa de invasão à posição policial. Na ocasião, o grupo, armado com azagaias, catanas, marretas e outros objetos contundentes, também sofreu detenções, embora o número exato de feridos não tenha sido revelado.

Durante as operações, as forças policiais apreenderam ainda um livro contendo registros de membros dos “naparamas”, material que está a ser utilizado para localizar outros participantes do grupo, informou Dércio Samuel.

Os “naparamas” são conhecidos historicamente como guerreiros tradicionais que surgiram na década de 1980, no contexto da guerra civil moçambicana. A sua atuação combinava práticas tradicionais e crenças místicas que supostamente os tornavam imunes a ataques, inclusive a balas.

Críticas ao uso da força

Após o incidente, surgiram críticas ao comportamento das forças de segurança. O arcebispo de Nampula, Inácio Saure, destacou, durante a celebração da missa de Páscoa, que a resposta da polícia foi “aparentemente desproporcional”. Embora as autoridades tenham confirmado cinco mortos, relatos de populares sugerem que o número de vítimas poderia chegar a 21.

Conflitos recentes

Nos últimos meses, vários ataques em diferentes pontos das províncias do centro e norte de Moçambique foram atribuídos a indivíduos que se autoproclamam “naparamas”, embora as autoridades reconheçam que podem tratar-se de grupos aproveitadores.

Recentemente, o exército moçambicano anunciou o resgate de cerca de 280 mulheres e crianças sequestradas por um grupo identificado como naparama. O ministro da Defesa, Cristóvão Chume, reafirmou o compromisso do Governo em eliminar essas ameaças: “Vamos perseguir esses grupos até às últimas consequências, até à eliminação do risco.”

Em janeiro, supostos membros dos “naparamas” decapitaram um líder comunitário no distrito de Murrumbala, na província da Zambézia, expondo publicamente a cabeça da vítima, conforme relatado por fontes policiais.

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