O ministro da Saúde de Moçambique, Ussene Isse, voltou nesta sexta-feira (25) a criticar a greve dos profissionais da saúde, descrevendo a paralisação como um “desastre” e apelando para que o diálogo ocorra sem interrupção dos serviços essenciais.
“Uma greve no setor da saúde é um verdadeiro desastre. A minha recomendação e apelo aos colegas é que devemos dialogar, mas sem deixar de cuidar dos nossos pacientes”, declarou o ministro durante uma visita a Gaza. “Trabalhemos juntos, de forma organizada e estruturada, porque a nossa missão é salvar vidas”, reforçou.
A paralisação, iniciada em 17 de abril, está prevista para durar 30 dias, podendo ser prolongada caso não haja “acordos concretos” com o Governo. A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) exige há três anos a aquisição de camas hospitalares e medicamentos para as unidades de saúde, alegando que, em muitos casos, os pacientes são obrigados a comprar os próprios medicamentos.
Entre outras reivindicações estão a melhoria da alimentação para os trabalhadores da saúde, o fornecimento de materiais de emergência e equipamentos de proteção individual para ambulâncias, além do pagamento de horas extraordinárias e ajustes salariais conforme a Tabela Salarial Única (TSU).
Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, Moçambique possui 1.778 unidades de saúde espalhadas pelo país, entre elas quatro hospitais centrais, sete provinciais, sete gerais, 22 rurais, 47 distritais, três hospitais especializados e 107 postos de saúde.
Ao discursar na inauguração de um laboratório de saúde pública em Xai-Xai, capital da província de Gaza, Isse afirmou que a greve é “inconcebível” e prejudica diretamente a população. “Não é admissível cruzar os braços enquanto vidas humanas são perdidas. Quem trabalha na saúde não pode agir dessa maneira. Cuidar da vida é um dom divino que devemos proteger”, destacou o ministro.
Na terça-feira, o Governo moçambicano pediu confiança no processo de diálogo em andamento, garantindo que a melhoria das condições dos profissionais de saúde é uma prioridade. “Reiteramos o pedido de confiança no diálogo, pois a estabilização da situação da classe é uma preocupação central do Governo”, afirmou Salim Valá, porta-voz do executivo, após a reunião do Conselho de Ministros, em Maputo.
Nos últimos dois anos, o sistema de saúde moçambicano tem enfrentado sucessivas pressões devido a paralisações, inicialmente organizadas pela Associação Médica de Moçambique (AMM) e, posteriormente, pela APSUSM, que representa cerca de 65.000 profissionais de diferentes áreas do setor.