Enquanto acreditamos estar escolhendo o que vemos nas redes, a realidade é que o sistema já nos escolheu antes. Não há transações em dinheiro, mas pagamos com algo ainda mais valioso: nossa atenção, nossos dados, nosso tempo e até nossos desejos. As empresas de publicidade são os verdadeiros clientes. Nós? Somos o que está à venda.
As redes sociais não funcionam como simples vitrines — são espelhos deformados que absorvem nossas fraquezas, simulam aceitação e constroem uma versão de nós mesmos voltada ao engajamento. Elas não estão a nosso serviço; elas nos usam como serviço.
A lógica é cruel e direta: quanto mais dependente você estiver, mais lucro será gerado. Seu comportamento compulsivo alimenta o negócio. Seu ego virou moeda de troca. Como afirmou Bauman, “Hoje, o medo de se expor foi substituído pela satisfação de ser visto.” Curtidas não são carinho. Seguidores não equivalem a vínculos reais. A busca por validação raptou a autoestima e a transformou em mercadoria.
Pense bem: quando foi a última vez que você se sentiu completo sem compartilhar nada?
