Rabat – Em um encontro estratégico realizado no dia 28 de abril, o rei Mohammed VI recebeu, no Palácio Real de Rabat, os ministros das Relações Exteriores do Mali, Níger e Burkina Faso, membros da Aliança dos Estados do Sahel (AES). O principal tema em pauta foi o ambicioso plano marroquino que visa oferecer a esses países interioranos uma ligação direta ao Oceano Atlântico.
A proposta, que ganha relevância num momento de relações tensas entre os três países e a Argélia, prevê uma rota comercial que culminaria no porto de Dakhla, localizado no disputado território do Saara Ocidental — sob controle do Marrocos, mas reivindicado pela Frente Polisário com apoio argelino.
Embora os ministros não tenham feito declarações públicas após o encontro, meios de comunicação locais reportam que houve reafirmação de apoio ao projeto por parte dos representantes africanos, que também expressaram gratidão ao rei pela receptividade e confiança.
Especialistas acreditam que essa iniciativa visa aumentar a influência de Marrocos na região saheliana, competindo diretamente com a histórica presença argelina no local. A concretização do plano, no entanto, depende de fatores geopolíticos delicados — especialmente a cooperação da Mauritânia, país de passagem obrigatória para viabilizar o acesso ao Atlântico.
As relações entre os regimes militares da AES e a Argélia têm se deteriorado, especialmente após a destruição de um drone maliano por forças argelinas no início de abril. Desde então, houve a retirada de embaixadores e o fechamento de espaço aéreo entre os países envolvidos.
Mesmo assim, Marrocos segue apostando na diplomacia e cooperação econômica para firmar sua presença estratégica na região. Analistas alertam, no entanto, que as distâncias geográficas e os impasses políticos podem dificultar a concretização do projeto.
