Um homem detido pela polícia moçambicana, apontado como líder de um grupo paramilitar que operava em Mutuali, província de Nampula, afirmou que foi recrutado por representantes ligados ao político Venâncio Mondlane com promessas de emprego e integração nas forças de segurança.
Segundo a Polícia da República de Moçambique (PRM), o grupo envolveu-se recentemente em confrontos com as forças de defesa, o que resultou na morte de pelo menos cinco membros dos Naparamas. O suposto comandante, cuja identidade não foi divulgada por questões de segurança, revelou que foi convencido a liderar o grupo após promessas feitas por delegados políticos locais.
“Fomos enganados com a promessa de sermos militares e agentes da polícia”, declarou o detido, acrescentando que os jovens recrutados foram orientados a procurar um curandeiro para rituais de iniciação no grupo Naparama.
Arrependido, o homem pediu perdão ao Governo, à PRM, aos militares e ao partido FRELIMO, apelando aos restantes membros do grupo para se entregarem às autoridades. “Estamos arrependidos. Peço que os que ainda estão fora se entreguem”, apelou.
Na semana passada, 63 indivíduos identificados como membros dos Naparamas renderam-se publicamente, num ato acompanhado pelo governador de Nampula. Durante a entrega, um representante do grupo explicou que o objetivo inicial era buscar melhores condições de vida para as comunidades, mas reconheceu que o movimento tomou rumos violentos e inadequados.
A equipa de Venâncio Mondlane negou qualquer envolvimento com o grupo. Em entrevista à DW África, Castro Niquina, coordenador provincial do movimento, afirmou: “Fazemos política, não temos ligação com ações violentas. Tudo que fazemos é público.”
Niquina também denunciou que criminosos têm se aproveitado do nome de Mondlane para justificar saques e atos de vandalismo, e pediu às autoridades que responsabilizem os verdadeiros culpados.
O analista político e defensor dos direitos humanos Gamito dos Santos manifestou dúvidas sobre a veracidade das acusações. Para ele, há indícios de manipulação política:
“Pedir desculpas à FRELIMO não faz sentido neste contexto. Isso parece uma tentativa de manchar a imagem de Venâncio Mondlane.”