Última Hora: Protestos expõem tensão entre operadora e agentes M-Pesa em Maputo

Agentes do serviço M-Pesa, operado pela Vodacom, manifestaram-se na manhã desta quinta-feira, em frente à sede da empresa no bairro do Ronil, em Maputo. O protesto foi motivado pelos recentes cortes nas comissões referentes a serviços como depósitos, levantamentos e pacotes financeiros, implementados logo após o feriado do Dia do Trabalhador. Muitos ameaçam suspender as suas atividades ou até abandonar a função de agentes.

De acordo com os manifestantes, a empresa justificou os cortes alegando supostas irregularidades nas operações de alguns agentes. No entanto, os profissionais afirmam que foram surpreendidos com os novos valores, sem aviso prévio ou possibilidade de defesa.

“Ontem, dia 1 de Maio, em vez de celebrarmos o nosso dia, fomos surpreendidos com mensagens da Vodacom informando cortes drásticos nas comissões. Quando liguei para saber o motivo, disseram que cometi fraude. Disseram que faço depósitos à distância, o que não é verdade”, relatou Maria Paulo (nome fictício).

Apesar de uma promessa inicial da operadora de que os valores descontados seriam devolvidos, os agentes afirmam que até ao momento os montantes não foram reembolsados. Em resposta às diversas queixas, a Vodacom marcou uma reunião para esta quinta-feira, às 10h, nas suas instalações, mas até às 15h os agentes ainda esperavam por esclarecimentos, exibindo cartazes e bloqueando parcialmente o atendimento ao público.

“Dizem que nos chamaram para conversar, mas ninguém nos dá uma resposta concreta. Tentaram nos fazer entrar um por um, mas recusámos. Queremos transparência”, protestou uma das agentes presentes.

Com o clima de insatisfação a aumentar, alguns agentes anunciaram que poderão organizar uma nova manifestação na próxima segunda-feira, desta vez em frente à sede principal da Vodacom, caso a situação não seja resolvida.

“Trabalhámos durante todo o mês e queremos apenas aquilo que nos é devido. Estamos aqui desde as 10 horas e ninguém nos explica nada. Se não houver resposta, vamos até à sede para exigir os nossos direitos”, disse um dos agentes, sob anonimato.

Como é comum em manifestações no país, a Polícia da República de Moçambique (PRM) esteve presente no local com agentes armados, garantindo a ordem e evitando confrontos. Até ao momento do encerramento da reportagem, não foram registados incidentes graves nem atos de violência.

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