A recente decisão do Governo moçambicano de reduzir o valor das portagens a partir de 15 de maio não convenceu parte da sociedade civil. Para o diretor do Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD), Adriano Nuvunga, a medida não passa de uma concessão simbólica, sem impacto real na vida da população.
Em entrevista, Nuvunga foi categórico ao defender a extinção das empresas concessionárias Revimo e TRAC, que, segundo ele, operam de forma ilegal e servem como instrumento de exploração por parte das elites políticas. Ele acusa essas entidades de aumentarem o custo de vida dos cidadãos através de cobranças que considera injustas e sem respaldo legal.
Nuvunga destacou que as portagens foram estabelecidas sem qualquer consulta pública e que sua criação violou normas legais, além de ter sido feita com base em processos opacos e possivelmente corruptos. Para ele, os cidadãos já pagam pelas infraestruturas através de impostos e financiamentos internacionais, e não deveriam ser sobrecarregados com tarifas adicionais.
Segundo o ativista, a redução nos preços anunciada pelo Governo representa apenas uma tentativa de aplacar os protestos populares que se intensificaram nos últimos meses. Ele considera a medida insuficiente e defende o desmantelamento completo do sistema de portagens, que, segundo ele, só beneficia um pequeno grupo ligado ao poder.
A presença da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) em algumas portagens, como a da TRAC, foi apontada por Nuvunga como forma de intimidação aos cidadãos que se recusam ou não conseguem pagar as taxas. Ele classificou a ação como uma forma de silenciar o descontentamento popular e perpetuar um sistema injusto.
