Tapam hoje, abrem amanhã: Estradas da Maxixe viram pesadelo diário

As intervenções em curso para reparação de buracos nas estradas da cidade da Maxixe, capital económica de Inhambane, têm provocado indignação entre automobilistas e agentes económicos, que se mostram frustrados com a alegada baixa qualidade dos serviços e a falta de clareza nas acções do município.

Nas principais artérias da cidade — incluindo as avenidas Ngungunhane, Amílcar Cabral, Narciso Pedro e o acesso ao Mercado Novo — os trabalhos de manutenção são tidos como ineficazes. Moradores e condutores relatam que os mesmos buracos reaparecem dias depois das obras, agravando a circulação e prejudicando o comércio numa cidade que desempenha papel central na economia provincial.

“Quando vi as máquinas a operar, senti esperança. Achei que finalmente iríamos resolver o problema das estradas. Estava até a planear ampliar a frota comercial. Mas bastou a primeira chuva para tudo desmoronar”, conta Hélio Martins, comerciante local. “A cada chuva, os buracos voltam. É desperdício de recursos.”

A inexistência de sinalização de obras e de informações públicas sobre o valor dos contratos e prazos de conclusão levanta desconfiança entre os cidadãos, que acusam a edilidade de falta de responsabilidade na gestão dos fundos públicos. A ausência de placas indicativas contraria as boas práticas de transparência nas obras públicas.

Venâncio Mateus, condutor de viatura ligeira, também está entre os lesados. “Já perdi as contas ao dinheiro gasto com reparações. Pneus, suspensões e outras peças danificam-se com frequência. É um ciclo vicioso”, desabafa.

A deterioração das estradas não apenas dificulta o quotidiano dos residentes, como também desincentiva investimentos externos. Fontes locais destacam que as condições das vias estão a travar o progresso económico e a contribuir para o aumento do desemprego.

Completados quase dois anos desde que Issufo Francisco assumiu a presidência do Conselho Municipal da Maxixe, o descontentamento popular cresce diante da perceção de que há pouca evolução visível na cidade. Muitos questionam a utilidade do pagamento de impostos, quando os serviços básicos continuam ineficientes.

Apesar das obras ainda estarem a decorrer, circular nas ruas da cidade é um verdadeiro desafio, sobretudo para veículos com suspensão baixa. Para desviar dos buracos, motoristas invadem a faixa oposta, originando múltiplos acidentes, inclusive atropelamentos.

Outrora referência em organização e limpeza, a cidade da Maxixe perdeu muito do seu prestígio. Mesmo localizada ao longo da Estrada Nacional Número Um (EN1) e sendo um ponto de passagem para inúmeros comerciantes e clientes diariamente, a cidade mergulha agora num clima de frustração e insatisfação geral.

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