A empresa LUXOFLEX Lda, cujos principais rostos são Cláudia Nyusi, filha do antigo Presidente da República, Filipe Nyusi, e Hipólito Michel Ussene, filho da atual presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, está a ser executada pelo Banco Comercial e de Investimentos (BCI), devido a uma dívida que ultrapassa os 304 milhões de meticais.

O processo foi tornado público por meio de um anúncio publicado no Jornal Notícias, onde a 12ª Secção Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo concedeu um prazo de 10 dias para que a empresa, bem como os seus fiadores – Hipólito Michel Ussene e a MITRA ENERGY – procedam ao pagamento do valor em dívida: 304.713.329,23 meticais. O caso está enquadrado nos autos de Execução Ordinária n.º 53/24-A.

A juíza Moila Chong Chelene, responsável pelo processo, determinou que, caso os devedores não efetuem o pagamento voluntário, deverão apresentar bens à penhora suficientes para cobrir a dívida. Em caso de incumprimento, o direito de indicação de bens passará para o credor, nos termos do Código do Processo Civil.

A LUXOFLEX Lda foi originalmente fundada em 28 de julho de 2010 e teve como sócios fundadores Firoza Noormahomed, Yusuf Issa Jamal, Yasfir Yusuf, Yanisa Yusuf e Yumna Yusuf. No entanto, a estrutura acionista mudou significativamente em abril de 2015, quando, com apenas três meses de mandato de Filipe Nyusi na Presidência, todas as participações foram transferidas para a empresa Dambo Investe, Limitada (99%) e para Hipólito Michel Ussene (1%). A Dambo Investe é uma sociedade partilhada entre Hipólito Ussene e Cláudia Nyusi, com 50% de participação cada.

Durante os dois mandatos de Filipe Nyusi, a LUXOFLEX destacou-se como uma fornecedora frequente de bens e serviços ao Estado, beneficiando de contratos por ajuste direto ou em concursos com concorrência restrita. Um dos exemplos foi a entrega de carteiras escolares no âmbito do projeto estatal Operação Tronco, que movimentou valores elevados.

Por outro lado, Hipólito Ussene, também envolvido no setor energético, apresentou ao público o ambicioso projeto da Cidade de Uxene – uma urbe ecológica e inteligente planeada para o distrito de Marracuene, na província de Maputo, com um custo estimado em 3,5 mil milhões de dólares. Contudo, o projeto está envolvido em disputas judiciais, principalmente pela posse da área denominada Milhumente, reivindicada por comunidades locais.