O consumo de álcool em Moçambique tem-se tornado um hábito diário para muitos jovens, transformando-se quase num estilo de vida. Em várias cidades do país, o fenómeno parece ter-se enraizado, com festas improvisadas e consumo frequente de bebidas alcoólicas em qualquer hora do dia, da manhã à noite. A prática, que antes era mais comum nos fins de semana, agora se estende por toda a semana, como se todos os dias fossem sexta-feira.
O que antes era limitado a momentos de lazer agora está a interferir diretamente na vida social, académica e profissional de muitos jovens. Há casos de estudantes que abandonam os estudos e trabalhadores que perdem o emprego devido ao envolvimento com o álcool. Diferente de outros tempos, em que havia uma censura social mais firme, hoje muitos encaram o beber como algo comum, mesmo que traga consequências graves.
No passado, o jovem que abusava do álcool era visto com desconfiança e até estigmatizado. Termos como “xidácua” ou “xiphunta” eram atribuídos a quem se entregava ao vício, impedindo muitas vezes sua aceitação em núcleos familiares ou relacionamentos sérios. Atualmente, esse julgamento parece ter desaparecido. O álcool passou a dominar até os momentos familiares, sendo usado como desculpa para celebrações, discussões e até atos de desrespeito.
A juventude de outrora buscava conquistas: terminar os estudos, conquistar um emprego, comprar terreno ou casar. Hoje, muitos desses objetivos foram substituídos por encontros etílicos, impulsionados por uma mistura de desilusão, dificuldades socioeconómicas e, em alguns casos, uma possível estratégia de dominação social.
Há quem defenda que o stress causado pelo desemprego, pela falta de oportunidades e pela pressão social contribui para este consumo desenfreado. Outros apontam para uma influência política camuflada, visando enfraquecer a juventude intelectualmente e limitar sua capacidade de crítica e ação. Em paralelo, muitos jovens enfrentam frustrações familiares que os levam a buscar consolo no álcool.
Independentemente da origem do problema, é visível que o consumo excessivo de álcool se tornou uma questão de saúde pública. Jovens com sinais de desgaste mental, desnutrição e descuido pessoal são cada vez mais comuns. A isso soma-se o aumento de casos de suicídio entre esta faixa etária, um sinal alarmante que não pode mais ser ignorado.
É urgente que o Governo adopte uma política eficaz para enfrentar este desafio. O diálogo com os jovens, especialmente os que já estão presos ao vício, é fundamental. É preciso encontrar alternativas viáveis para ocupar o tempo livre da juventude, criando espaços produtivos e educativos.
Mensagem final:
Meus irmãos e irmãs, em vez de ocuparmos o tempo no “senta-baixo”, por que não experimentamos algo novo e útil? Que tal pegar numa enxada, plantar algo e aprender métodos simples de agricultura urbana? Sabiam que é possível cultivar batata-reno em um bidão de 20 litros? Fica a sugestão.