Gamito dos Santos, conhecido defensor de direitos humanos em Moçambique, afirmou que irá avançar judicialmente contra a Polícia da República de Moçambique (PRM) após ter sido violentamente detido no sábado (10) durante uma tentativa de manifestação pacífica contra a escassez de combustíveis na cidade de Nampula.
A mobilização, convocada por ativistas e com o conhecimento prévio do Conselho Municipal, pretendia exigir esclarecimentos do Governo sobre a contínua falta de combustível, um problema que afeta gravemente o setor de mototáxis e a população em geral. Apesar de não exigir autorização formal, conforme a legislação moçambicana, a manifestação foi interrompida pela PRM com alegações de que coincidia com a visita do comandante-geral da corporação.
Segundo Gamito, a manifestação foi desmobilizada após pressão da polícia, mas ainda assim, quando o grupo de cinco ativistas se retirava pela Avenida Eduardo Mondlane, foram abordados por agentes fortemente armados. O ativista relata que foi empurrado, agredido com armas e rasteiras por vários polícias, antes de ser algemado e conduzido à força numa viatura da PRM.
Durante o período de detenção, Gamito dos Santos não sofreu novas agressões, mas denuncia a violência sofrida no momento da captura, a exposição pública e o constrangimento causado. “Fui deixado quase despido, com a camisa rasgada e ferimentos visíveis. Mesmo com tentativas da polícia para impedir filmagens, algumas imagens foram captadas”, disse.
A ação policial ocorreu mesmo após o governador da província, Eduardo Abdula, ter prometido um esclarecimento público sobre a crise de combustíveis até o fim de abril — promessa que, segundo os ativistas, nunca se concretizou. Para Gamito, a manifestação era uma forma legítima de pressionar por respostas diante do silêncio das autoridades.
Além de processar a PRM por agressão e abuso de autoridade, o ativista questiona o uso excessivo da força contra cidadãos que buscavam exercer o direito à manifestação pacífica.
