Influenciadora Any Awuada é presa por vender perfumes falsificados com metanol

A influenciadora digital Nayara Macedo, conhecida nas redes sociais como Any Awuada, foi presa temporariamente no último dia 21 de maio em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. A prisão faz parte de uma operação da Polícia Civil que investiga um sofisticado esquema de falsificação e venda de perfumes e cosméticos adulterados. Junto com Nayara, também foram detidas sua mãe, Ângela de Macedo, e uma suposta cúmplice, Júlia Gabriela de Siqueira Freitas.

As ações policiais ocorreram nas cidades de Mogi das Cruzes e Biritiba-Mirim, como desdobramento de um inquérito iniciado em agosto de 2023 pelo 31º Distrito Policial (Vila Carrão), após a denúncia de uma cliente que pagou R$ 857,90 por perfumes anunciados como originais de marcas renomadas — como Chanel, Dior e Victoria’s Secret — mas recebeu produtos falsificados, com baixa fixação e cheiro acentuado de álcool.

Durante a operação, a polícia apreendeu 125 frascos de perfumes lacrados na casa de Ângela de Macedo, além de um veículo de luxo Audi Q3 avaliado em R$ 150 mil, registrado em nome de Nayara. Exames periciais confirmaram que os produtos não possuíam registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e estavam contaminados por substâncias como metanol e etanol em concentrações perigosamente acima do permitido. De acordo com os laudos, 34 frascos apresentaram alto teor de metanol, enquanto 19 apresentavam composição química diferente do padrão de referência.

Além dos produtos apreendidos, os investigadores encontraram movimentações bancárias suspeitas: mais de R$ 1,2 milhão em nome de Nayara, R$ 600 mil em contas de Ângela e outros R$ 300 mil vinculados a Júlia. A suspeita é de que o trio operava um comércio ilegal disfarçado de “desapego de importados” por meio das redes sociais.

Com mais de 480 mil seguidores no Instagram, Nayara promovia os produtos com promessas de perfumes originais e contratipos — versões similares às fragrâncias famosas, mas com embalagens distintas. Clientes relataram ter recebido produtos com embalagens mal acabadas, odor desagradável e nenhuma assistência após tentativas de reembolso. Ao menos 12 pessoas em São Paulo e Minas Gerais prestaram queixas formais contra a influenciadora.

A Polícia Civil também fechou uma fábrica clandestina de perfumes em Mogi das Cruzes, onde mais de 97 mil produtos falsificados foram encontrados. A ação integra uma série de operações para coibir a fabricação e venda de cosméticos ilegais na Grande São Paulo. Segundo a CNN Brasil e o jornal O Diário de Mogi, quatro pessoas foram presas em flagrante na fábrica.

O escritório Blaustein Mello & Ramalho, que representa a defesa de Nayara, informou que assumiu o caso no mesmo dia da prisão e está analisando o processo para garantir os direitos da cliente. A prisão temporária tem duração inicial de 30 dias e visa aprofundar as investigações.

Por enquanto, as três envolvidas foram indiciadas por estelionato, crime contra a propriedade industrial, falsificação de produtos e associação criminosa. As investigações seguem para apurar a origem dos cosméticos e identificar fornecedores, após uma mulher apontada como fornecedora negar qualquer envolvimento com o esquema.

A conta do Instagram de Nayara Macedo foi suspensa por ordem judicial. Segundo o portal Mix Vale, a influenciadora já acumula 34 processos judiciais em três estados brasileiros.

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