FRELIMO deve mudar ou cair, alerta académico do próprio partido

Maputo, 13 de Junho de 2025 – Durante as comemorações dos 63 anos da FRELIMO e do cinquentenário da independência de Moçambique, o académico e membro influente do partido, Hélder Jauana, fez um pronunciamento impactante ao desafiar a organização política a acolher vozes críticas e liderar um processo de renovação profunda no país.

O evento, realizado em Maputo nesta quinta-feira (12), serviu de palco para que Jauana criticasse abertamente práticas como o nepotismo, a tribalização do poder e a estagnação ideológica. Para ele, mudar Moçambique exige romper com o “contexto de miséria e pobreza” que ainda marca o quotidiano da nação.

“Um verdadeiro líder é aquele que escuta, que aprende e que tem coragem para transformar o seu país. E transformar Moçambique é superar a miséria e os interesses mesquinhos que continuam a dividir até mesmo o nosso partido”, declarou Jauana.

O sociólogo também apontou a resistência ao pensamento crítico como um dos maiores obstáculos à evolução do país. Segundo ele, muitos líderes estão rodeados por assessores que criam ambientes fechados, distantes da realidade social, e cultivam a divisão entre “nós e os outros”.

Renovação de quadros e mentalidade

Entre as propostas apresentadas, Hélder Jauana sugeriu uma reestruturação na composição dos órgãos dirigentes da FRELIMO, com 80% de renovação e apenas 20% de continuidade. Reforçou, porém, que isso não se trata de desvalorizar os veteranos, mas sim de integrar novas ideias que contribuam para o avanço do partido e do país.

Além disso, defendeu a necessidade urgente de uma “reforma da mentalidade”, que considera a transformação mais profunda de todas: romper com a repetição de práticas ultrapassadas, adotar posturas inovadoras e cultivar líderes comprometidos com a mudança real.

Desenvolvimento distrital e independência económica

O académico destacou ainda a urgência de nacionalizar os recursos naturais como instrumento-chave para alcançar a independência económica. Usou como exemplo o distrito de Namanhumbir, em Cabo Delgado, onde, apesar da riqueza em rubis, crianças vivem em situação de extrema pobreza.

“Não é aceitável que num território rico em minerais, as nossas crianças passem fome. Cada criança devia ter acesso a um ensino de qualidade, com recursos digitais desde o primeiro dia de escola”, afirmou.

Jauana propôs ainda transformar os distritos em centros de desenvolvimento liderados pelas melhores mentes do país, com metas claras de transformação social e económica.

A nova luta: mente livre e justiça social

Encerrando o seu discurso, Jauana sublinhou que a próxima grande batalha do país é pela libertação da mentalidade. Segundo ele, Moçambique precisa abandonar modelos herdados do passado colonial e investir na juventude, descentralização e justiça social.

“Chegou o momento da FRELIMO liderar esta nova mudança, começando por ela mesma. Reformar estruturas é importante, mas reformar mentalidades é fundamental. A vitória será da juventude, da criatividade e da justiça social”, concluiu.

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