Maputo, 13 de Junho de 2025 – A empresa pública Aeroportos de Moçambique (AdM) alertou para as graves consequências financeiras provocadas pela dívida acumulada pela Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), que já ultrapassa os 40 milhões de euros. A falta de pagamento tem gerado um impacto “catastrófico” nas contas da empresa, segundo o relatório e contas de 2024.
O documento, consultado pela agência Lusa, revela que a LAM falhou o pagamento de diversas taxas aeroportuárias, especialmente a Taxa de Passageiro, que representa cerca de 43% das receitas totais da AdM. A empresa aérea, de acordo com a administração dos Aeroportos, faz entregas “parciais e irregulares” ou simplesmente não transfere os valores devidos.
Essa situação, considerada pela AdM como um grave constrangimento de gestão, tem impedido o acesso a financiamentos bancários e agravado o endividamento da empresa, que gere mais de 20 infraestruturas aeroportuárias em Moçambique. O relatório aponta que o capital próprio da AdM atingiu um valor negativo de 2.793 milhões de meticais (cerca de 37,9 milhões de euros) em 2024, o que representa quase o dobro do prejuízo registado no ano anterior.
O parecer da consultora Deloitte, incluído no mesmo relatório, confirma que a dívida da LAM ronda os 2.994 milhões de meticais (aproximadamente 40,7 milhões de euros), sendo este o montante estimado como recuperável até o final de dezembro de 2024.
Revitalização da LAM está em curso
No mês de maio, o governo moçambicano anunciou medidas para reestruturar a LAM. A consultora Knighthood Global foi contratada para liderar o processo de estabilização da companhia aérea, com um prazo inicial de três meses para apresentar resultados. A missão inclui rever a frota, melhorar a estrutura financeira e alinhar a empresa com os padrões internacionais do setor da aviação.
A LAM, por sua vez, confirmou a colaboração com a consultora, sublinhando que o objetivo é reduzir o endividamento, reforçar o perfil de investimento e modernizar a frota, respondendo a desafios antigos como dificuldades financeiras recorrentes, concorrência acirrada e obsolescência operacional.
Como parte do plano de reestruturação, o Instituto de Gestão das Participações do Estado (Igepe) afastou a anterior administração da LAM, nomeando uma nova comissão de gestão liderada por Dane Kondic, com efeito imediato a partir de 13 de maio. O anterior presidente, Marcelino Gildo Alberto, foi oficialmente exonerado durante uma assembleia-geral extraordinária.
A nova liderança tem agora a responsabilidade de reverter a crise estrutural que ameaça a sustentabilidade da transportadora aérea estatal.
