Protestos violentos tomam Nairobi após morte suspeita do ativista Albert Ojwang

Nairobi, Quênia — A capital queniana vive dias de tensão após a morte suspeita do ativista político e blogueiro Albert Ojwang, de 31 anos, enquanto estava sob custódia policial. A tragédia desencadeou uma onda de protestos violentos, especialmente entre os jovens, reacendendo o debate sobre brutalidade policial, censura política e impunidade no país.

Ojwang havia sido detido no último dia 6 de junho em Homa Bay, acusado de difamar um alto comandante da polícia nas redes sociais. Posteriormente, foi transferido para a sede da polícia em Nairobi. No entanto, pouco depois de sua detenção, foi anunciada sua morte dentro da cela.

Versão policial contestada por autópsia

Segundo relatos iniciais da polícia, Ojwang teria morrido ao se lançar contra a parede da cela, supostamente em um ato de desespero. No entanto, essa narrativa foi fortemente contestada após a realização de um exame post-mortem, que revelou sinais de estrangulamento e ferimentos no pescoço — apontando para possível violência física e indicando que a morte não foi acidental.

O laudo provocou reações imediatas da sociedade civil e aumentou a pressão sobre o governo.

Reações oficiais e investigações

O presidente do Quênia, William Ruto, descreveu a morte como “inaceitável e de partir o coração”, declarando que não irá tolerar abusos por parte das forças policiais. O ministro do Interior e o Inspetor-Geral da Polícia também reconheceram que a versão inicial divulgada pela polícia não condiz com os fatos apurados até o momento.

A Autoridade Independente de Supervisão Policial (IPOA) confirmou que está conduzindo uma investigação formal e que ao menos cinco agentes envolvidos na detenção de Ojwang já foram identificados.

Protestos e violência nas ruas

Indignados, centenas de manifestantes tomaram as ruas do centro de Nairobi. Durante os protestos, foram erguidas barricadas, carros foram incendiados e a polícia respondeu com gás lacrimogêneo e força para dispersar os ativistas, especialmente nas proximidades do Parlamento, onde ocorria a votação do novo orçamento nacional.

Organizações de direitos humanos condenaram a repressão violenta e exigiram justiça para Ojwang. O caso já é considerado um marco na luta contra a violência institucional no país.

Contexto político e social

Albert Ojwang era conhecido por seu ativismo crítico ao governo e denúncias contra abusos policiais. Sua morte reacende uma longa série de casos semelhantes no país, onde opositores políticos e vozes críticas frequentemente enfrentam repressão ou intimidação.

Desde 2023, diversos protestos populares foram reprimidos com violência, e o caso de Ojwang pode se tornar um catalisador para um novo movimento de reforma institucional no Quênia.

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