Sete meses após a morte do então Diretor-Geral do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE), Bernardo Lidimba, o cargo continua vago, revelando possíveis dificuldades do Presidente da República, Daniel Chapo, em nomear um novo chefe para os serviços secretos moçambicanos.

Lidimba faleceu em 2 de novembro de 2024, vítima de um acidente de viação no distrito de Mapai, província de Gaza. Na altura do acidente, o ex-dirigente viajava com o motorista, um ajudante de campo e um assessor – todos saíram ilesos.

Desde a sua posse como Presidente, Chapo já fez outras nomeações importantes no setor da segurança: Joaquim Sive assumiu o comando da Polícia nove dias após a posse presidencial, e Júlio dos Santos Jane foi nomeado chefe das Forças Armadas em abril deste ano. Porém, a liderança do SISE segue indefinida.

Antes do trágico acidente, Lidimba havia participado numa reunião do Comando Conjunto das Forças de Defesa e Segurança, realizada em Maputo. O encontro visava definir estratégias face à crescente instabilidade no país. Logo após, seguiu em missão para o norte de Gaza, próximo à fronteira com o Zimbabué.

Atualmente, o SISE está sob a liderança interina de Joia Haquirene, vice-diretor-geral da instituição. Haquirene ganhou notoriedade pública ao depor como testemunha principal no processo das “dívidas ocultas”, entre 2021 e 2022. Ele também foi o fundador da GIPS, empresa associada ao SISE, e esteve envolvido nas operações das controversas firmas MAM, EMATUM e ProIndicus, que estiveram no centro do escândalo financeiro.

Durante o julgamento, Haquirene afirmou que as ações que detinha na GIPS, equivalentes a 30%, pertenciam de fato ao Estado, razão pela qual nunca recebeu lucros pessoais. Mesmo sem funções específicas na empresa, ele assinou lotes de cheques autorizando pagamentos substanciais, incluindo um no valor de 10 milhões de meticais, com aprovação do então diretor da secreta, Gregório Leão.

Bernardo Lidimba foi nomeado para o cargo em maio de 2022, assumindo oficialmente em junho do mesmo ano, durante o segundo mandato de Filipe Nyusi. Foi o terceiro a ocupar o cargo durante a gestão do antigo Presidente, sucedendo a Júlio dos Santos Jane, que por sua vez substituíra Lagos Lidimo em 2017.