Um grupo de professores moçambicanos formados divulgou uma carta aberta com um apelo urgente ao governo, denunciando o crescente desemprego na classe docente. No documento intitulado “Grito de Socorro dos Professores Desempregados”, os signatários expressam frustração com o sistema nacional de educação e exigem reformas imediatas.
Na carta, dirigida aos dirigentes da Nação Moçambicana, os professores questionam por que continuam a ser formados milhares de docentes anualmente se não há vagas disponíveis no setor público. “A pergunta que não se cala é: ‘Se em Moçambique não há emprego para a função docente, por que continuam a formar milhares de professores anualmente?’”, diz um trecho do manifesto.
Os autores relatam as dificuldades financeiras enfrentadas para concluir a formação e participar de concursos públicos. Acusam o sistema de perpetuar ciclos de frustração, desperdício de talentos e injustiça social. Além disso, criticam a exigência de pagamentos e apresentação de currículos em instituições públicas como barreiras ao acesso à função docente.
A carta também denuncia que muitos professores são obrigados a pagar valores superiores a 100 mil meticais para terem seus nomes incluídos em listas de candidatos às vagas, prática considerada vergonhosa e discriminatória. “Será que não sabem que a nível dos SDEJT dizem que andam a receber ordens superiores para nos chumbarem e colocarem os que têm costas?”, denunciam os signatários.
Os professores pedem a atualização do estatuto geral do professor e que todo cidadão maior de 18 anos com formação psicopedagógica tenha o direito oficial de concorrer à carreira docente sem discriminação ou exigências abusivas.
Entre as exigências principais destacam-se:
Parar com a formação de novos professores enquanto não houver vagas;
Oficialização do estatuto do professor e do EGFAE, garantindo o direito de acesso à função pública;
Eliminação da exigência de CVs para recém-formados;
Fim das taxas não-oficiais exigidas para inclusão em concursos.
“Formamo-nos com esperança de servir à pátria”, conclui a carta, “mas enfrentamos uma realidade de abandono.” Os signatários esperam que o governo ouça o apelo e tome medidas concretas para pôr fim ao que chamam de “palhaçada institucionalizada”.
Leia a carta:
