A Austrália está desenvolvendo um dos projetos mais simbólicos e tecnicamente audaciosos da atualidade: a “Caixa-Preta da Terra“, uma estrutura colossal, feita de aço resistente, que será instalada na costa oeste da Tasmânia com a missão de registrar, em tempo real, os principais eventos que possam levar ao colapso da civilização como a conhecemos.
Inspirada nas caixas-pretas utilizadas em aviões para investigar acidentes, esta instalação única terá como função documentar cientificamente os efeitos das mudanças climáticas, crises políticas, ambientais e ações humanas, criando um repositório durável de informações que poderá ser acessado por futuras gerações, ou mesmo civilizações futuras, para compreender como e por que o planeta entrou em crise — caso isso ocorra.
Com dimensões aproximadas de 10 metros de comprimento, 4 metros de largura e 3 metros de altura, a estrutura será feita de aço de 7,5 cm de espessura. Seu interior abrigará sistemas alimentados por energia solar e termoelétrica, equipados com discos rígidos de alta capacidade, conectados à internet para capturar e armazenar dados ambientais, registros de temperatura, níveis de CO₂, consumo energético, políticas climáticas, discursos públicos, notícias, publicações científicas e até tweets.
O projeto é uma iniciativa conjunta da Universidade da Tasmânia, do estúdio criativo Clemenger BBDO e de cientistas climáticos. Desde a COP26, a caixa já está coletando informações e continuará operando por pelo menos 30 a 50 anos, enquanto pesquisadores trabalham para expandir sua capacidade de armazenamento a longo prazo.
Embora tenha apelo artístico e simbólico, a proposta é concreta e carrega um propósito científico-documental: responsabilizar líderes e instituições pelas decisões tomadas diante das crises globais. A ideia é que, se a civilização humana fracassar em evitar uma catástrofe climática, os registros desta caixa possam servir como testemunho e lição para o futuro.
Contudo, a iniciativa também tem gerado debates. Em fóruns como o Reddit, algumas pessoas questionam se a caixa é funcional ou apenas uma peça artística — mas especialistas confirmam que ela será real, operacional e estrategicamente localizada numa área geologicamente estável da Tasmânia.
“Sabemos onde estão os dados, sabemos o que está sendo feito e o que não está sendo feito. Essa caixa será a testemunha do nosso comportamento coletivo”, dizem os criadores do projeto.
A “Earth’s Black Box“, como foi oficialmente batizada, surge em um momento crítico da história planetária, com o agravamento das catástrofes naturais, da instabilidade política e do aquecimento global. Seu propósito é claro: deixar um registro indestrutível da verdade, para que, caso falhemos, ninguém diga que não sabíamos.