A proposta de lei para o diálogo político nacional, assinada pelo Presidente da República e por nove partidos políticos antes de ser enviada à Assembleia da República, tem sido alvo de críticas dentro do país.
O documento propõe discutir temas como a revisão da Constituição, incluindo reformas no Estado, no sistema judicial e no processo eleitoral. Também prevê mudanças na gestão pública, como reforma fiscal, fortalecimento da defesa nacional e modernização da administração pública.
No entanto, opositores argumentam que o projeto não aborda as principais preocupações da população. Em entrevista, o jornalista e ativista social Zito Ossumane questionou a ausência de medidas para combater o alto custo de vida e a insegurança alimentar no país, destacando que “falta comida no prato dos cidadãos”.
Outro ponto contestado é o orçamento previsto para o diálogo, estimado em 91 milhões de meticais (cerca de 1,3 milhões de euros). Para Ossumane, há indícios de que o foco estaria mais voltado para interesses financeiros de grupos específicos do que para a resolução dos problemas nacionais.
Ele também criticou o tempo prolongado estabelecido para a implementação das mudanças, considerando que isso favorece alguns setores ligados à estrutura do poder.
“Dá a sensação de que estamos a ser enganados. Um pequeno grupo decidiu, em nosso nome, os rumos do país, mas questões urgentes continuam sem solução”, afirmou.
A proposta prevê a criação de uma comissão com 21 membros, composta por representantes de partidos políticos e da sociedade civil. No entanto, Ossumane acredita que essa composição pode beneficiar interesses partidários, questionando a real independência dos representantes indicados.
Apesar das divergências, o debate sobre a proposta de diálogo nacional continua a ganhar força no cenário político moçambicano.