O projecto SUSTENTA, financiado pelo Fundo de Fomento Agrário e Extensão Rural (FFAE), prepara-se para dispensar aproximadamente 2080 colaboradores através da não renovação de contratos. Lançado em 2021, o projecto nunca apresentou resultados concretos e sempre esteve envolto em discursos políticos vazios e promessas não cumpridas.
Apesar de ter sido vendido como um grande impulso ao setor agrícola, o SUSTENTA revelou-se insustentável desde o início. Jovens qualificados, enviados para trabalhar em distritos distantes, assumiram dívidas para cobrir despesas básicas como renda, alimentação e saúde, enquanto esperavam por salários que, em muitos casos, não chegaram. Para esses profissionais, o projecto tornou-se um pesadelo disfarçado de oportunidade.
O coordenador Celso Correia chegou a afirmar que tratores foram distribuídos aos agricultores e que os moçambicanos faziam três refeições por dia — declarações que não condizem com a realidade da maioria. O país segue sem relatórios claros sobre o progresso ou impacto do SUSTENTA, enquanto recursos públicos evaporam sem explicações. Tratores desapareceram nas mãos de figuras influentes e o povo continua a viver na escassez.
O silêncio cúmplice de muitos extensionistas durante os poucos meses em que receberam salários, mesmo sem resultados palpáveis, também é um ponto de reflexão. Agora, com o fim iminente do projecto, os murmúrios tomam o lugar da ação que deveria ter vindo antes.
Exemplos como o PRODAPE também levantam dúvidas. Pouco se sabe sobre a sua eficácia, produção e gestão real. Dados estatísticos maquiados não substituem impactos visíveis.
Infelizmente, Moçambique parece seguir um ciclo vicioso: projectos que começam com grandes promessas e terminam em frustração. A corrupção continua a beneficiar uma minoria enquanto a maioria sobrevive de promessas.
Preparemo-nos. Novos projectos “sustentáveis” virão, com o mesmo roteiro de sempre. No fim, mais dívidas, mais desilusões.
