Syrah recupera acesso à mina de grafite em Balama após meses de bloqueio

A mineradora australiana Syrah Resources informou, esta terça-feira (6), que retomou o acesso à sua mina de grafite localizada em Balama, na província de Cabo Delgado, após quase cinco meses de paralisação causada por protestos relacionados ao pós-eleições de 2024.

De acordo com o comunicado divulgado aos mercados, a empresa explicou que os protestos que vinham condicionando as operações no local foram neutralizados graças à intervenção das autoridades moçambicanas, que desalojaram os últimos manifestantes no fim de semana passado.

A empresa revelou que um acordo foi firmado entre representantes governamentais, agricultores locais e a própria Syrah, o que permitiu encerrar a maioria dos protestos em abril. Contudo, um grupo remanescente continuava a obstruir o acesso à mina, sem apresentar reivindicações formais contra a mineradora.

Com o acesso restabelecido, a Syrah iniciou a mobilização de equipas técnicas para realizar inspeções e manutenções no local. A companhia promete divulgar em breve detalhes sobre o reinício da produção e as futuras exportações do mineral, essencial para a fabricação de baterias de veículos elétricos.

A paralisação teve início em dezembro de 2024, quando a empresa declarou estado de “força maior” devido à instabilidade no país, que incluiu violentos protestos contestando os resultados das eleições gerais de outubro — episódios que causaram cerca de 400 mortes e danos materiais significativos.

A origem do impasse remonta a queixas antigas de camponeses locais sobre processos de reassentamento não resolvidos, após a implantação do projeto mineiro. Desde então, a empresa tem reiterado o seu compromisso em encontrar uma solução pacífica através de diálogo e mecanismos de resolução de disputas.

A Syrah está também envolvida na construção de uma fábrica nos Estados Unidos, a Vidalia, que será abastecida com grafite moçambicano. Em abril do ano passado, foram exportadas as primeiras duas toneladas para o novo centro de processamento.

Segundo dados do Ministério das Finanças, a produção nacional de grafite sofreu uma queda acentuada de 64% em 2024, totalizando apenas 34.899 toneladas — o que representa apenas 11% da meta anual estipulada. Este declínio foi impulsionado pela interrupção das operações da Syrah e pela paralisação da GK Ancuabe Graphite Mine, além da concorrência crescente do grafite sintético no mercado global.

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