Mototaxistas em Nampula acusam professores e agentes da polícia de invadirem o setor

Na cidade de Nampula, operadores de mototáxi que atuam na praça da Sipal expressam crescente insatisfação com a presença de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) e professores no exercício paralelo da atividade de transporte por mototáxi, alegando que estes estariam a “tirar-lhes o pão”.

De acordo com os profissionais entrevistados, a situação tem provocado perturbações sérias no seu meio de sustento, uma vez que os referidos funcionários do Estado — que já possuem salário fixo — estariam a praticar preços muito abaixo do normal, o que desestabiliza o mercado local.

“Eles cobram apenas 10 meticais numa corrida daqui até à Faina, o que torna impossível competir. Como já têm salário, fazem isto só por fora e não se preocupam com os preços. Para nós, que vivemos apenas deste serviço, é devastador”, desabafou Osman António, mototaxista na praça.

Segundo ele, muitos desses “concorrentes paralelos” chegam à praça ainda de madrugada, ocupando posições e clientes dos que dependem unicamente desta atividade.

“Há professores que lecionam nas zonas periféricas e depois voltam para fazer táxi à noite. Juntam-se também polícias, e chegam cedo, às cinco da manhã, o que nos deixa em desvantagem total. Estamos a ser sufocados por pessoas que deveriam estar noutras funções”, reclamou.

Nelson Salvador, líder dos mototaxistas da praça Sipal, confirmou a situação e lamentou a falta de resposta das autoridades.

“Temos muitos infiltrados, agentes da polícia de proteção, professores, e todos competem diretamente connosco. Nós dependemos disto para viver, mas eles vêm como um segundo rendimento. Já levámos o assunto ao município, mas a resposta que recebemos foi que cada um está a lutar pela sua vida. Isso é injusto”, afirmou.

Nelson também destaca que a presença desses funcionários públicos na praça está a agravar a escassez de clientes e a gerar um clima de tensão entre os trabalhadores informais.

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