Moradores do bairro de Namicopo, na cidade de Nampula, vivem em constante clima de medo devido à presença de um grupo criminoso armado que, segundo relatos, se faz passar por membros da Polícia da República de Moçambique (PRM) e do policiamento comunitário. Conhecidos como “Grupo-15” ou “grupo da catana”, os indivíduos são acusados de cometer assaltos, roubos violentos e até homicídios.
As ações do grupo ocorrem, com frequência, ao longo da via que liga a rotunda do Aeroporto Internacional de Nampula ao posto administrativo de Namicopo — especialmente em horários críticos como o início da manhã e ao entardecer, momentos em que o fluxo de pessoas e viaturas é maior.
Diversos residentes entrevistados apontam a construção de muros em torno do aeroporto e do recinto dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) como medida urgente para dificultar o esconderijo dos malfeitores, que frequentemente fogem saltando cercas dessas zonas.
Hermenegildo Octávio, residente local, contou um episódio recente em que uma mulher foi abordada por três jovens, alegadamente do policiamento comunitário, que pediram sua identificação. No momento em que ela abriu a bolsa, os criminosos a roubaram e fugiram, levando seus pertences, incluindo uma peruca, e escaparam pelo muro do aeroporto.
“Eles agem de forma tão discreta que, mesmo sendo um assalto, quem está por perto nem percebe o que está a acontecer. Precisamos urgentemente de mais policiamento”, apelou Hermenegildo.
Outra moradora, Ancha Mateus Eusébio, aponta a escassez de rondas noturnas como fator que agrava a criminalidade na zona.
“Se houvesse patrulhas à noite, esses grupos pensariam duas vezes antes de agir. Os polícias só circulam de dia, e mesmo assim ficam apenas nas imediações da pista do aeroporto, para impedir entrada de pessoas. Mas defender a população, que é atacada, não fazem”, disse.
Ussene Assane, também morador, indicou que as construções inacabadas no recinto aeroportuário funcionam como refúgio para os assaltantes.
Apesar das denúncias da população, o Jornal Ikweli não conseguiu obter uma resposta oficial das entidades responsáveis pelas áreas usadas como esconderijo pelos criminosos.
Resposta da PRM
Contactado pelo Ikweli, o Comando Provincial da PRM, por meio da sua porta-voz Rosa Nilza Chaúque, afirmou desconhecer a ocorrência dos atos denunciados na zona do aeroporto, justificando a ausência de relatos formais feitos pelas vítimas. Ela também refutou as acusações de falta de patrulhamento noturno.
Chaúque assegurou, no entanto, que a corporação irá reforçar as ações de patrulhamento no local, com o objetivo de travar o avanço da criminalidade e responsabilizar os autores dos atos ilícitos.
Fonte: Jornal Ikewli