Governo alerta: HCB enfrenta pior seca em 40 anos e ajusta produção

A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) está a atravessar uma das mais severas secas dos últimos 40 anos na bacia do Zambeze, conforme revelou Tomás Matola, Presidente do Conselho de Administração da empresa. A declaração foi feita esta quarta-feira, 21 de maio, durante a conferência internacional em Maputo, que celebra o 50º aniversário da HCB, sob o lema “HCB: Ontem, Hoje e o Futuro – Empresa Estruturante e Estratégica”.

Na ocasião, Matola destacou a importância da cooperação entre os diversos intervenientes do setor energético para refletir sobre o papel vital das barragens hidroelétricas e os efeitos das alterações climáticas, incluindo secas prolongadas e inundações, que vêm comprometendo a segurança energética na região.

O dirigente apontou o fenómeno El Niño como o principal responsável pela situação atual, iniciada entre o fim de 2023 e início de 2024, agravando a escassez de água não apenas na HCB, mas também em infraestruturas a montante como Kariba e o sistema de Kafue. A baixa retenção de água obriga a empresa a tomar decisões estratégicas e científicas para manter o fornecimento de energia.

“Estamos diante de uma seca sem igual nas últimas quatro décadas. A operação da barragem segue orientações técnicas baseadas em dados e modelos científicos, que indicam o volume de energia que podemos gerar com os níveis de água disponíveis”, explicou Matola. Ele garantiu que, apesar das limitações, a prioridade é manter a estabilidade do fornecimento.

De forma transparente, o PCA reiterou que a gestão da barragem não segue critérios económicos convencionais, mas sim metodologias técnicas rigorosas, com monitoramento diário. “Todos os dias, à meia-noite, fazemos medições e partilhamos os dados, com base em equipamentos especializados”, afirmou.

Apesar da crise, a HCB continua a ser uma das principais fontes de receita para o Estado moçambicano. Matola revelou que, entre 2023 e 2024, a empresa contribuiu com cerca de 37 mil milhões de meticais em impostos, reafirmando a sua relevância económica nacional.

Quanto ao futuro, a HCB tem planos ambiciosos de modernização e expansão. O objetivo é atingir uma capacidade instalada de 4.000 megawatts até 2034, com investimentos em fontes renováveis como solar e gás, além do projecto da central de Mphanda Nkuwa, que deverá acrescentar 1.500 MW.

Matola encerrou o seu discurso destacando que a empresa está preparada para enfrentar os desafios do clima com base científica e planeamento estratégico, assegurando o seu papel como um dos pilares do desenvolvimento energético e económico de Moçambique e da África Austral.

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