O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a ser alvo de controvérsias internacionais após apresentar imagens falsas durante uma reunião oficial com o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa. O encontro, ocorrido na Casa Branca na última quarta-feira (21), foi marcado por um momento tenso quando Trump exibiu imagens que, segundo ele, mostrariam um “massacre de fazendeiros brancos” na África do Sul. No entanto, uma investigação da agência Reuters e de outros veículos internacionais revelou que os vídeos apresentados foram gravados na República Democrática do Congo.
De acordo com a Reuters, uma das imagens exibidas por Trump mostrava corpos sendo enterrados em Goma, cidade congolesa, após um ataque brutal de rebeldes. A gravação foi extraída de um vídeo humanitário que retratava vítimas de conflitos armados na região. A imagem não possuía qualquer ligação com a África do Sul nem com agricultores brancos, como afirmado por Trump.
Outra evidência usada pelo presidente, apresentada como um “memorial de vítimas brancas”, era, na verdade, um local de homenagem genérica a vítimas de violência, sem qualquer viés racial ou étnico. O jornal britânico The Guardian também confirmou que as alegações de Trump sobre um suposto “genocídio branco” são infundadas e fazem parte de uma narrativa já desmentida por autoridades e especialistas sul-africanos.
Dados oficiais da polícia da África do Sul demonstram que, embora crimes rurais aconteçam, não há qualquer indício de perseguição sistemática contra agricultores brancos. Em 2024, dos 44 assassinatos registrados em áreas agrícolas, apenas oito envolviam fazendeiros. Isso desmonta a teoria propagada por Trump, que sustenta que há uma política de extermínio contra brancos no país africano.
Durante a reunião, o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa e sua comitiva se mostraram visivelmente desconfortáveis e refutaram de forma firme as acusações feitas por Trump. Ramaphosa destacou que o governo sul-africano está comprometido com a estabilidade, a reconciliação e a reforma agrária dentro dos marcos legais, negando qualquer agenda de expropriação arbitrária de terras ou perseguição étnica.
A utilização de imagens manipuladas por Trump acendeu o alerta para os riscos da desinformação, especialmente quando propagada em ambientes diplomáticos e por figuras com grande influência política. As agências de checagem e meios de comunicação internacionais reforçam a necessidade de responsabilidade e verificação antes da divulgação de conteúdos sensíveis que podem alimentar discursos de ódio ou teorias da conspiração.
