O Governo de Moçambique aprovou oficialmente o Plano de Desenvolvimento do projecto Coral Norte, uma nova fase do empreendimento de gás natural liquefeito (GNL) na Bacia do Rovuma, orçado em 7,2 mil milhões de dólares. A confirmação foi feita pela petrolífera italiana ENI, que lidera o consórcio responsável pela iniciativa.
Segundo o CEO da ENI, Claudio Descalzi, a aprovação do plano marca um momento crucial para o futuro energético do país. “Recebemos a autorização formal com todos os termos acordados. Isso transforma o Coral Norte em um projecto concreto e real”, afirmou Descalzi após uma reunião com o Presidente da República, Daniel Chapo.
Com esta autorização, a produção de GNL na Área 4 da Bacia do Rovuma será ampliada, reforçando a posição de Moçambique como um dos principais produtores de gás na região.
Em nota oficial, a Presidência da República revelou que o encontro serviu para fazer um balanço das actividades do consórcio liderado pela ENI. Destacou-se o impacto do Coral Sul, primeiro projecto do grupo no país, que já contribui com cerca de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) através das receitas obtidas com a exportação de gás. Para este ano, as previsões apontam que o impacto poderá atingir até 70% do crescimento do PIB nacional.
Além dos temas energéticos, o encontro também abordou novas iniciativas no sector agrícola, com potencial para gerar milhares de postos de trabalho, sobretudo em áreas rurais. A ENI propõe replicar em Moçambique um modelo já aplicado em mais de seis países africanos, que alia agricultura e produção de biocombustíveis sustentáveis.
“A agricultura tem enorme capacidade de criação de empregos. Com 150 mil hectares, podemos empregar até 120 mil pessoas e produzir cerca de 130 mil toneladas por ano”, explicou Descalzi. “Com 300 mil hectares, os números podem duplicar. É uma verdadeira revolução. E o Presidente está muito focado em promover o emprego e o desenvolvimento rural.”
Apesar de reconhecer a importância do sector do gás, o CEO sublinhou que se trata de uma actividade com elevado investimento mas com menor capacidade de absorção de mão-de-obra. “Gás é capital-intensivo. Gera poucos empregos diretos, ao contrário da agricultura, que é mão-de-obra intensiva”, concluiu.
Durante a conversa, também foram discutidas contribuições da ENI para a transição energética, com destaque para iniciativas como o programa Cozinha Limpa e acções ligadas ao REDD+, voltadas para a redução de emissões e protecção ambiental.
