A artista moçambicana Katia Agy atravessa um momento delicado de saúde e necessita urgentemente de transfusões de sangue. O apelo chegou às redes sociais, e como já virou hábito, as timelines foram invadidas por publicações com frases de apoio: “Força Katia”, “Estamos contigo”, “Doem sangue”. Mas há uma pergunta incômoda por trás dessa onda digital: quantos dos que postaram realmente se dirigiram a um hospital para doar?
Vivemos numa era onde a empatia é muitas vezes medida em curtidas e reposts. É fácil parecer solidário numa story de 15 segundos — difícil mesmo é sair do conforto, enfrentar filas e agulhas, e doar algo que pode significar a vida para outra pessoa.
A questão aqui não é julgar, mas provocar reflexão. A solidariedade que se resume a hashtags e emojis perde o seu valor quando não é acompanhada por ações concretas. Essa cultura do “apoio de fachada” está a corroer o verdadeiro sentido de comunidade.
Quando figuras públicas, com alcance massivo e influência direta, não dão o exemplo, como podemos esperar que o cidadão comum sinta-se motivado a agir?
O caso de Katia Agy revela mais do que uma urgência médica — expõe um padrão preocupante: muitos estão presentes nas redes, mas ausentes na realidade. E a pergunta que fica é simples e direta:
Quem realmente foi doar? Quem saiu do virtual para o real?
Porque quando as câmeras se desligam:
Poucos se movem.
Poucos aparecem.
Poucos se importam além dos likes.
É hora de parar com a solidariedade de palco. Katia não precisa de filtros bonitos nem de posts com frases feitas.
Ela precisa de sangue, de presença, de ações verdadeiras.
Se tens voz e alcance, usa-os com responsabilidade. Mostra pelo exemplo.
Menos aparências, mais humanidade. Menos posts, mais atitudes.
