O presidente do partido Nova Democracia, Salomão Muchanga, voltou a fazer duras críticas ao que considera ser o ressurgimento de esquadrões da morte em Moçambique. Em declarações recentes, o político apontou o dedo ao próprio Estado, que, segundo ele, estaria a criar e proteger forças clandestinas com o objetivo de eliminar, de forma seletiva, indivíduos que representam ameaça ao poder político vigente.
Muchanga baseou suas denúncias em casos recentes de assassinatos que chocaram o país, incluindo os de Elvino Dias, Paulo Guambe e de um agente da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), ocorrido na Matola. Segundo ele, essas mortes não são aleatórias, mas fazem parte de um padrão que visa silenciar opositores e detentores de informações sensíveis.
“O regime decadente garante a sua estabilidade política com derramamento de sangue. Alimenta-se do medo, elimina aqueles que carregam verdades perigosas ou ideias contrárias. Inspirado em doutrinas autoritárias, mostra-se indiferente às vítimas e famílias atingidas. Para esse sistema, o sangue é um instrumento de manutenção do poder”, afirmou Muchanga.
O líder da Nova Democracia ampliou o escopo das suas acusações ao relembrar casos históricos como as mortes de Siba-Siba Macuácua, Carlos Cardoso, Gilles Cistac e Anastácio Matavel. Para ele, há uma linha contínua de violência e repressão que se estende desde os tempos da independência nacional, reforçando a permanência de uma elite política que, segundo suas palavras, “instrumentaliza a segurança do Estado para fins privados e políticos”.
“Enquanto o Estado afirma investir na defesa e segurança pública, paralelamente, as elites políticas constroem forças paralelas — esquadrões treinados para exterminar qualquer ameaça à sua hegemonia. Há protagonistas que se mantêm intocáveis desde os primeiros anos da independência, e que continuam a manipular o aparelho de Estado para impedir a alternância do poder”, disse Muchanga.
O político também lamentou publicamente o assassinato de Carlos Zandamela, chefe de reconhecimento da UIR, ocorrido no dia 11 de junho de 2025. Para ele, esse crime confirma a existência de interesses obscuros infiltrados nas estruturas de poder, e demonstra como a corrupção e a violência andam de mãos dadas no atual cenário político.
“A Nova Democracia manifesta solidariedade às famílias das vítimas, reafirma o compromisso com os direitos humanos — sobretudo com o direito à vida — e exige justiça. Não podemos aceitar que os autores desses crimes fiquem impunes. Os órgãos competentes devem agir com firmeza, legalidade e transparência, para que a justiça prevaleça”, concluiu.
A denúncia de Salomão Muchanga reacende o debate sobre segurança, direitos humanos e o papel do Estado na proteção dos cidadãos, num momento em que o país enfrenta sucessivos episódios de violência política e criminalidade ainda por esclarecer.
