Profissionais de Saúde em Moçambique Estendem Greve por Mais 30 Dias

A greve dos profissionais de saúde em Moçambique será prolongada por mais um mês a partir desta segunda-feira, segundo anunciou a Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que alega o não pagamento de horas extras e abonos de turno por parte do governo.

“A paralisação continuará sendo feita por fases, caso o governo insista em manter o impasse com a comissão de negociação”, afirmou a APSUSM em nota oficial.

Iniciada em 17 de abril, a greve foi estendida diante da ausência de consenso nas negociações com as autoridades. Os profissionais têm reivindicações acumuladas ao longo dos últimos três anos, como o fornecimento adequado de medicamentos nos hospitais — muitos dos quais são comprados pelos próprios pacientes —, aquisição de camas hospitalares e suprimento de ambulâncias com materiais de emergência.

Entre os pontos exigidos também estão a entrega de equipamentos de proteção individual reutilizáveis, o pagamento devido por horas extras, e o reajuste conforme a Tabela Salarial Única (TSU). A associação denuncia que, em muitos casos, os profissionais precisam arcar com custos de proteção do próprio bolso.

Enquanto não houver pagamento de horas extras nem do adicional de risco, a APSUSM anunciou que manterá uma jornada de trabalho fixa das 7h às 15h30, com uma pausa de 30 minutos, sem realizar escalas aos finais de semana.

Durante o Dia do Enfermeiro, comemorado em 12 de maio, o Presidente Daniel Chapo reforçou o compromisso do governo em melhorar as condições de trabalho e valorização da carreira dos profissionais da saúde.

“Cuidar de quem cuida é um investimento no capital humano e na construção de uma nação mais saudável, produtiva e próspera”, declarou o chefe de Estado.

Na mesma ocasião, o ministro da Saúde, Ussene Isse, defendeu a via do diálogo como solução para a crise no setor. Ele reconheceu os desafios enfrentados, mas disse que o governo está empenhado em superá-los.

“Muitos obstáculos já foram ultrapassados. Continuamos abertos ao diálogo, porque reconhecemos os desafios existentes. O nosso objetivo é alcançar consensos e fortalecer o setor”, afirmou Isse.

Nos últimos três anos, a saúde pública moçambicana tem enfrentado paralisações recorrentes organizadas pela APSUSM, que representa cerca de 65 mil profissionais da área. Além disso, greves lideradas pela Associação Médica de Moçambique (AMM) também têm marcado o setor em busca de melhores condições de trabalho.

Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, Moçambique conta com 1.778 unidades sanitárias, incluindo quatro hospitais centrais, três especializados, sete provinciais, sete gerais, 22 rurais, 47 distritais e 107 postos de saúde.

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