Desvio de pensões da RENAMO: ex-combatentes apontam Ossufo Momade como responsável

Em Moçambique, ex-combatentes da RENAMO, desmobilizados durante o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), estão a denunciar o que chamam de “burla” no pagamento das suas pensões. Segundo uma carta divulgada recentemente, o grupo afirma que cada desmobilizado deveria receber aproximadamente 2,4 milhões de meticais anuais (cerca de 35 mil euros) durante um ano após a desmobilização.

Vitorino Caravela, um dos representantes do grupo, em entrevista à DW, alegou que a comissão responsável pela negociação da desmobilização havia garantido que os desmobilizados receberiam um valor em cheque, além de material de construção. No entanto, segundo ele, o que receberam foi muito abaixo do esperado: apenas 1.500 meticais.

A RENAMO, por meio de André Magibire, chefe do Grupo de Diálogo sobre Assuntos Militares, rejeitou as acusações. Segundo Magibire, não houve qualquer acordo para os valores mencionados pelos desmobilizados. Ele explicou que, no ato de desmobilização, os ex-combatentes receberam um kit básico e um valor mensal, que variava conforme a patente. Um general, por exemplo, teria recebido cerca de 69 mil meticais por mês, enquanto um soldado receberia cerca de 6 mil meticais mensais.

Vitorino Caravela insiste que o valor acordado era outro e acusa a direção da RENAMO, especialmente o presidente Ossufo Momade, de desviar o restante dos recursos. Ele afirmou que foi a União Europeia, durante o processo em Cabo Delgado, que informou os desmobilizados que eles receberiam 250 mil meticais mensais, acusando Momade de ser o responsável pelo desvio do dinheiro.

Em resposta, Magibire afirmou não ter conhecimento dessa promessa e sugeriu que, caso tenha existido, os desmobilizados procurassem a pessoa que fez tal compromisso. Ele questionou ainda a viabilidade de desviar dinheiro destinado ao Estado ou à comunidade internacional e defendeu que não há qualquer quadro da RENAMO envolvido nesse desvio.

Embora as acusações sigam sem resolução, Vitorino Caravela afirmou que os desmobilizados não têm a intenção de retomar a luta armada, mas sim de pressionar as autoridades para que o caso seja tratado com seriedade, destacando que a situação não pode ser ignorada.

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