O ativista Adriano Nuvunga revelou ao Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) que não possui mais as provas que sustentavam a denúncia contra o presidente do PODEMOS, Albino Forquilha, por alegado suborno de 219 milhões de meticais. Segundo Nuvunga, as evidências foram enviadas por uma fonte através do WhatsApp e desapareceram posteriormente, tornando-se irrecuperáveis. A situação, já em trâmite judicial, levanta suspeitas de que Nuvunga possa ter sido alvo de uma armadilha cuidadosamente preparada pelo sistema, dado o seu papel de destaque no ativismo social moçambicano.
Durante o depoimento, prestado em 28 de janeiro, Nuvunga — na qualidade de diretor executivo do Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) — explicou que as informações sobre o alegado pagamento a Forquilha foram enviadas por uma fonte do CDD usando mensagens temporárias, que se autoapagaram. Confrontado sobre a razão de não ter solicitado novo envio do conteúdo, justificou ser improvável reaver esse material da fonte.
Diante da gravidade da denúncia — que alegava uso de fundos públicos para corromper o líder partidário —, o GCCC solicitou dados ao CEDSIF sobre quaisquer pagamentos a Forquilha, mas não foi identificado qualquer movimento financeiro que corroborasse a acusação. Sem provas materiais, o GCCC arquivou o caso por falta de indícios suficientes.
Em resposta ao arquivamento, o partido PODEMOS classificou a denúncia como leviana e irresponsável. Acusou Nuvunga de tentar envolver Forquilha num escândalo falso, chegando a mencionar que o valor teria sido usado para aquisição de um carro, fato inclusive divulgado nos media. Para o partido, a reviravolta em que Nuvunga passa de acusador a possível arguido revela um enredo “fantasioso digno de Hollywood”, movido por motivações ocultas.
O PODEMOS considera que o ativista manchou a imagem do partido e de seu presidente, causando transtornos pessoais, familiares e institucionais. Um dos membros seniores do partido teria inclusive tido a residência invadida, sofrendo ameaças e prejuízos.
O partido vê no episódio uma tentativa deliberada de destruir sua reputação e não descarta a existência de interesses externos por trás da denúncia. Paralelamente, move um processo-crime contra Nuvunga por difamação e calúnia, no qual o ativista já prestou declarações e poderá ser formalmente constituído arguido nos próximos dias.
