Moradores da unidade comunal Marien Ngouabi, situada no bairro de Namutequeliua, nos arredores da cidade de Nampula, denunciam práticas abusivas da empresa Águas da Região Norte (AdRN), acusando-a de cobrar mensalidades pelo fornecimento de água que não chega às suas casas.
De acordo com os relatos, mesmo com a ausência prolongada de água potável, a população continua a receber facturas mensais com valores que variam entre 500 e 1.000 meticais. Os munícipes consideram as cobranças injustas, uma vez que o serviço não está a ser prestado.
“A empresa não mostra qualquer preocupação com a situação da população. Na minha casa já são dois meses sem uma gota de água nas torneiras, mas continuam a emitir facturas, a última foi de 600 meticais. Estamos a sobreviver com água de poço”, disse Chale António.
Gabriel da Fonseca, outro residente, afirma que a escassez tem obrigado os moradores a caminhar longas distâncias em busca de água. “Acordamos às 4 da manhã para procurar água e só conseguimos voltar por volta das 10 horas. O mais revoltante é que há casas com torneiras secas há muito tempo, mas continuam a receber facturas, e quando não pagamos, somos ameaçados com cortes definitivos”, contou.
Bianca Trazia, também moradora da zona, expressa a mesma frustração: “Nem consumimos água da AdRN, mas todos os meses a factura chega. Com a antiga gestora FIPAG, os problemas eram menores.”
Clarita Joaquim reforça que o problema da falta de água se estende a diversos bairros da cidade. “Estamos expostos a doenças, porque a única água que conseguimos é turva e imprópria para consumo.”
O jornal Ikweli procurou ouvir a direcção da empresa AdRN, que remeteu os esclarecimentos para a assessoria de imprensa. No entanto, até o encerramento desta matéria, nenhuma resposta oficial foi enviada.
