Em entrevista à DW África, o diretor do Centro de Integridade Pública (CIP), Edson Cortez, expressou ceticismo sobre a possibilidade do ex-ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, pagar os 42,2 milhões de dólares que foi condenado a pagar ao banco russo VTB Capital, decisão tomada por um tribunal de Nova Iorque.
A sentença, proferida na última sexta-feira, refere-se a perdas sofridas pelo banco russo no âmbito do escândalo conhecido como “dívidas ocultas”. Edson Cortez destacou que essa condenação demonstra que, em alguns países, o crime não compensa, citando que Chang é o réu moçambicano que sofreu a penalidade financeira mais alta relacionada a este caso.
Sobre o pagamento, Cortez declarou não acreditar que Chang efetuará a quantia, esperando que ele alegue insuficiência financeira para cumprir a decisão judicial. Ele também mencionou que, após eventual recurso, a defesa provavelmente tentará provar a incapacidade de pagamento, embora os desdobramentos legais futuros nos Estados Unidos ainda sejam incertos.
Chang foi detido em 2018 a caminho de suas férias no Dubai e passou mais de três anos na África do Sul aguardando extradição para os EUA ou Moçambique, com a justiça norte-americana prevalecendo. Ele já foi condenado a oito anos de prisão em Nova Iorque por suborno e conspiração para fraude contra investidores.
Edson Cortez comentou ainda que, em Moçambique, o caso tem perdido relevância diante da crise política e econômica que o país enfrenta, e as dívidas ocultas não são mais tema frequente nas conversas públicas.
Fonte: DW