Morte de Nini Satar às vésperas da sua soltura levanta suspeitas e teorias de conspiração
A morte de Nini Satar, um dos condenados pelo assassinato do jornalista Carlos Cardoso, reacendeu debates sobre a misteriosa sequência de falecimentos que envolve os envolvidos no caso. Conhecido nos círculos criminais e penitenciários como “Génio do Crime”, Momade Assife Satar, popularmente chamado de Nini Satar, foi encontrado sem vida dentro de sua cela no Estabelecimento Penitenciário de Máxima Segurança (BO) na semana passada.
Condenado a 24 anos de prisão em 2003, Nini estava próximo de concluir sua pena e poderia ser libertado ainda este ano, o que gerou suspeitas e alimentou especulações sobre sua morte. Algumas dessas teorias apontam para uma possível execução para silenciá-lo antes de sua saída da cadeia. O fato de outros condenados no mesmo caso, como Ayob Satar e Vicente Ramaya, terem perdido a vida em circunstâncias incomuns após deixarem a prisão fortalece essa tese.
Horas após a notícia se espalhar, o Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP) confirmou oficialmente o falecimento. “Lamentamos o ocorrido e seguimos acompanhando as investigações para esclarecer as circunstâncias da sua morte”, informava o comunicado oficial.
Morte em circunstâncias suspeitas reacende mistério
O histórico de atentados contra Nini dentro da prisão reforça as dúvidas em torno do seu falecimento. Em 2022, ele já havia sofrido uma tentativa de assassinato na mesma penitenciária, o que levou à prisão e condenação de dois agentes da Unidade de Intervenção Rápida.
Preso desde 2001 e condenado dois anos depois, Nini dividiu o banco dos réus com seu irmão Ayob Satar, Vicente Ramaya, Manuel Fernandes e Carlos Rachid Cassamo, além de Aníbal António dos Santos Júnior, conhecido como Anibalzinho. Enquanto os irmãos Satar e Anibalzinho receberam 24 anos de prisão, os outros envolvidos foram sentenciados a 23 anos e meio.
Atualmente, Anibalzinho é o único dos condenados no caso Cardoso que segue vivo. O padrão de mortes incomuns entre os demais ex-detentos gerou novas especulações sobre a existência de conexões entre o crime organizado e figuras do cenário político, citadas no julgamento de 2003.
Uma longa trajetória entre prisões e fugas
Nini Satar foi um dos presos mais mediáticos de Moçambique, não apenas por sua ligação ao assassinato de Carlos Cardoso, mas também por suas tentativas de fuga. Em 2014, ele obteve liberdade condicional após cumprir metade da pena, mas em 2015 fugiu do país.
Quatro anos depois, foi capturado na Tailândia e extraditado para Moçambique em 2018. Já em 2019, enfrentou novas acusações por crimes como roubo, falsificação de documentos e sequestro, sendo condenado a um ano de prisão, pena que acabou convertida em multa.
Nos últimos anos, Nini encontrava-se em isolamento no Estabelecimento Penitenciário Especial de Máxima Segurança da Machava. Sua cela especial possuía restrições severas, limitando seu contato com outros detentos, e seu banho de sol ocorria apenas por um pequeno SunRoof no teto da cela.
De 13 de março de 2001, data da sua prisão, até 28 de março de 2025, dia em que sua morte foi confirmada, passaram-se 24 anos e 15 dias. Seu corpo foi submetido a exames forenses pelo SERNIC e por médicos legistas antes de ser entregue à família. Até o momento, as autoridades não divulgaram o laudo oficial sobre a causa do óbito.