A recente aquisição de uma aeronave própria por parte de Burkina Faso chama a atenção ao ser comparada com a realidade atual das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), que continua dependente de aviões alugados e sem sinais de mudanças estruturais concretas.
O presidente interino de Burkina Faso, Capitão Ibrahim Traoré, oficializou a compra de uma moderna aeronave Embraer E190LR para relançar a companhia aérea nacional Air Burkina. A aeronave, fabricada no Brasil, marca um passo estratégico na reconstrução da aviação civil do país e simboliza um compromisso com a soberania e a independência nacional. Além da aviação comercial, Traoré tem investido na modernização das forças armadas com a aquisição de drones turcos e aviões de combate russos.
Enquanto isso, Moçambique enfrenta um cenário totalmente oposto. A LAM opera quase exclusivamente com aviões alugados e acumula uma dívida de cerca de 300 milhões de dólares. Em um episódio recente, a empresa gastou mais de 4 milhões de dólares na compra de um cargueiro Boeing 737-300 que nunca chegou a operar e foi devolvido. A ineficiência e má gestão têm afetado a confiança pública e a estabilidade da companhia.
Tentando reverter essa crise, o governo moçambicano aprovou a venda de 91% das ações da LAM para empresas estatais, buscando arrecadar fundos para adquirir oito novas aeronaves e implementar uma reestruturação. Contudo, especialistas alertam que, mesmo com esse plano, a LAM poderá não estar em condições de comprar aviões próprios nos próximos cinco a dez anos, dada a dimensão dos desafios financeiros e operacionais.
A comparação entre os dois países é clara: enquanto Burkina Faso dá passos concretos rumo à autossuficiência aérea, com decisões ousadas e investimentos estratégicos, Moçambique ainda enfrenta os mesmos entraves de décadas passadas, preso a um modelo ineficiente baseado no arrendamento e na instabilidade.
Burkina Faso levanta voo com soberania, enquanto Moçambique continua no chão, aguardando mudanças que teimam em não decolar.
