Governo moçambicano dialoga com médicos para evitar greve no Hospital Central de Maputo

O Ministério da Saúde reuniu-se recentemente com médicos do Hospital Central de Maputo (HCM), numa tentativa de evitar a greve anunciada pela classe, que exige o pagamento de horas extraordinárias em atraso.

A reunião, realizada com a presença do ministro da Saúde, Ussene Hilário Isse, e da direção do HCM, serviu para discutir possíveis soluções para o impasse. Segundo um representante dos médicos, durante o encontro foram apresentadas propostas de ambas as partes com o objetivo de encontrar uma forma de saldar os valores em dívida.

“Estamos à espera de uma resposta até o final do dia. A greve não é o nosso objetivo principal. Queremos negociar e encontrar uma alternativa para o pagamento. Mas, se não houver um retorno satisfatório, seguiremos com a paralisação”, afirmou o porta-voz do grupo.

A ameaça de greve surgiu no final de maio, quando os médicos comunicaram que, a partir de 1 de junho, deixariam de realizar serviços fora do expediente normal — incluindo feriados e fins de semana — caso não fossem pagos os valores em atraso, acumulados ao longo de 13 meses. A medida foi comunicada formalmente ao diretor-geral do hospital através de uma carta.

Os profissionais criticaram ainda a falta de prioridade do Governo na gestão dos recursos públicos. “Dizem que não há dinheiro para nos pagar, mas há verba para movimentar a tocha da unidade nacional de Cabo Delgado até Maputo. Isso é incompreensível”, disse o porta-voz, referindo-se ao símbolo das celebrações dos 50 anos da independência de Moçambique, marcado para 25 de junho.

Em resposta, o Governo defendeu a continuidade do diálogo como única via para resolver o impasse. “Temos reiterado que não existe solução mágica para resolver este tipo de situações. A única forma é através da negociação, sobretudo num contexto em que os recursos são limitados”, afirmou Inocêncio Impissa, porta-voz do Conselho de Ministros, em declarações feitas no dia 27 de maio.

Nos últimos anos, o setor da saúde pública tem sido marcado por protestos e paralisações, liderados principalmente pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que representa cerca de 65 mil profissionais de diversas áreas. Além disso, greves convocadas pela Associação Médica de Moçambique (AMM) também pressionaram o sistema nacional de saúde, reivindicando melhores condições laborais.

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