O Governo moçambicano, liderado por Daniel Chapo, reforçou recentemente os meios da Polícia da República de Moçambique (PRM) com a aquisição de viaturas reboques, destinadas à Unidade de Intervenção Rápida (UIR). Embora essa unidade da polícia não tenha como função principal a remoção de viaturas, a medida tem gerado intensos debates nas redes sociais. Muitos internautas interpretam a aquisição como um sinal claro de preparação do Executivo para conter eventuais protestos populares.

A desconfiança pública remonta à última série de manifestações convocadas pelo político Venâncio Mondlane, quando diversos participantes abandonaram os seus veículos nas vias, durante os confrontos com as autoridades. A presença das novas viaturas levanta, portanto, a hipótese de que estejam sendo mobilizadas para facilitar ações de repressão em futuros protestos.

Apesar da mudança de liderança no Palácio da Ponta Vermelha, com a saída de Filipe Nyusi e a chegada de Chapo, a resistência do Estado moçambicano frente a manifestações populares parece manter-se intacta. Um exemplo recente foi a tentativa frustrada de uma marcha pacífica organizada pela sociedade civil para denunciar os assassinatos de membros da oposição. A ação foi impedida pela PRM, sob o argumento de segurança e ordem pública.

Contraditoriamente, poucos dias depois da repressão à iniciativa da sociedade civil, membros da Frelimo — partido no poder — puderam marchar livremente pelas ruas de Maputo, sem qualquer tipo de impedimento por parte das autoridades.

Diante desse cenário, críticos afirmam que o país continua a trilhar um caminho cada vez mais semelhante ao de regimes autoritários, onde a liberdade de expressão e o direito à manifestação são tratados de forma seletiva. Para muitos, a chegada das novas viaturas reforça essa percepção de que o Governo se prepara mais para conter o povo do que para ouvi-lo.