Por Redação Notícias de Todos – 19 de Maio de 2025
O Centro de Saúde de Nanhupo Rio, a segunda maior unidade sanitária do distrito de Mogovolas, em Nampula, permanece de portas fechadas após ter sido alvo de ataques por parte da população local. O incidente ocorreu na sequência de informações falsas relacionadas à cólera, que geraram desconfiança e resultaram em agressões aos profissionais de saúde.
De acordo com Alimo Consolo, diretor dos Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Ação Social, algumas comunidades continuam a demonstrar hostilidade em relação aos serviços de saúde, o que representa um grande desafio para o sector. Para tentar resolver a situação, estão previstas duas visitas com líderes comunitários, com o objetivo de avaliar se há condições para o regresso dos profissionais e a reabertura da unidade.
“O maior entrave é a hostilidade em certas comunidades, como é o caso de Nanhupo Rio, onde nossa última tentativa de retorno terminou em confrontos com apedrejamentos. Precisamos garantir que seremos bem recebidos”, explicou Consolo.
Enquanto a unidade permanece encerrada, os residentes de Nanhupo Rio são forçados a percorrer cerca de 30 quilómetros até locais como Nametil, Muatua ou mesmo Nametória, no distrito vizinho de Angoche, para receber atendimento médico.
Com uma população estimada em 60 mil habitantes, a unidade de Nanhupo Rio prestava serviços não só aos residentes locais, mas também a comunidades dos distritos próximos. “O encerramento nos preocupa profundamente, pois o centro tinha uma localização estratégica e desempenhava um papel fundamental na cobertura sanitária da região”, destacou o responsável.
Apesar da situação crítica em Nanhupo, Consolo apontou avanços significativos em outras áreas do distrito. Graças ao envolvimento comunitário e à promoção de medidas preventivas, os centros de saúde de Muatua e Calipo foram reabertos em Abril, após avaliação com líderes locais e religiosos. O trabalho de sensibilização levou à redução de casos e à retirada do distrito da lista de áreas com surto de cólera.
Para reforçar a prevenção e combater práticas nocivas, o sector de saúde está a promover palestras educativas matinais, direcionadas às comunidades. No entanto, os danos causados pela vandalização ainda afetam os serviços em Nanhupo Rio — o laboratório foi completamente destruído e parte dos exames precisam agora ser encaminhados ao Hospital Central de Nampula. Por outro lado, a farmácia já foi restaurada e retomou o seu funcionamento.
“O laboratório foi saqueado e muitos dos equipamentos danificados. Apesar de termos recuperado a farmácia, ainda estamos a lidar com os efeitos desta destruição”, concluiu Consolo.