Fraude transfronteiriça envolve partido no poder do Zimbabué e levanta suspeitas sobre interferência nas eleições moçambicanas de 2024
Uma investigação exclusiva publicada pelo jornal The Continent revelou que o partido no poder do Zimbabué, ZANU-PF, esteve envolvido em um esquema fraudulento que visava influenciar as eleições moçambicanas de 2024. Segundo a reportagem, membros da ZANU-PF distribuíram documentos de identidade moçambicanos falsos a seus apoiadores, com a missão clara de votarem em favor do partido FRELIMO, em Moçambique.
A operação ocorreu pouco antes do pleito e tinha como objetivo aumentar artificialmente o número de votos. Para reforçar a fraude, os militantes receberam instruções detalhadas sobre como votar “na casa ao lado” – expressão usada para indicar que deviam fingir residência em Moçambique. O que os arquitetos do plano não sabiam é que entre esses “apoiadores” estavam repórteres disfarçados, que conseguiram se infiltrar na operação e expor o esquema.
O portal Carta de Moçambique confirmou a participação de dois jornalistas zimbabueanos que votaram utilizando documentos moçambicanos, fornecidos diretamente por membros da ZANU-PF. A reportagem traz ainda o testemunho de um dos infiltrados, que descreveu em detalhes como o processo de falsificação e transporte foi organizado.
Além disso, a organização Advogados de Direitos Humanos da África Austral (SAHRL) denunciou que aproximadamente 296 mil cidadãos zimbabueanos foram mobilizados para votar ilegalmente em Moçambique, levantando sérias preocupações sobre a integridade do processo eleitoral e a soberania do país.
O caso repercutiu fortemente nas redes sociais e foi também comentado por analistas políticos, que apontam para uma crescente tendência de interferência eleitoral na região. A ação coordenada entre partidos no poder de países vizinhos, segundo os especialistas, representa um risco real para a estabilidade democrática no sul de África.
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