Moçambique vive um pesadelo silencioso e contínuo. Quem é moçambicano sente isso na pele todos os dias. É como se o país tivesse sido empurrado para um labirinto sem saída, onde tudo que antes tinha valor e esperança agora parece apenas uma lembrança distante.
O trabalho já não é como antes. A dignidade perdeu espaço para a sobrevivência. Ir à escola tornou-se um privilégio, não um direito. A qualidade do ensino desceu enquanto o custo de viver aumentou. A saúde pública se deteriora, os preços disparam, e o povo já não sonha — apenas luta para não cair de vez.
Vivemos num país onde uns poucos mandam e desfrutam, enquanto muitos obedecem e padecem. Uns têm tudo; outros, quase nada. Uns viajam de avião; outros nem sequer têm sapatos para andar. Uns alimentam-se três vezes ao dia; outros vão para a cama com fome, dia após dia. Moçambique virou o quintal de interesses privados, onde o povo é apenas figurante de uma peça sem fim.
O governo parece surdo às vozes que gritam por socorro. Pior: nunca pareceu realmente interessado em ouvir. A cada dia que passa, o povo carrega mais um fardo, paga por dívidas que nunca assinou e sustenta um sistema que só beneficia uma minoria.
Mas algo começa a mudar. Há um despertar. O povo moçambicano, cansado de promessas vazias e de décadas de espera, começa a questionar, a resistir, a exigir. Já não basta sobreviver — queremos viver com dignidade, justiça e verdade.
Moçambique não pode continuar preso num ciclo de promessas que nunca saem do papel. Chegou a hora de todos refletirmos: até quando vamos permitir que o país continue à deriva, refém da impunidade, da corrupção e do descaso?
