Presença de Insurgentes Obriga População a Deixar Campos

Comunidades agrícolas das regiões de Nkoé e Nasaba, na província de Cabo Delgado, relataram recentemente a presença de grupos armados suspeitos, identificados como possíveis terroristas, que têm circulado nas imediações das zonas de cultivo, provocando medo e deslocamento dos agricultores.

Fontes locais indicam que desde o final de março a movimentação desses grupos tem sido recorrente nas duas localidades, situadas a cerca de 30 quilômetros do distrito de Macomia. Com receio de represálias, muitos camponeses começaram a abandonar os campos, deixando para trás as colheitas.

“Já vimos esses homens desde o dia 30 de março. Estão a circular na nossa área e isso tem nos deixado muito preocupados”, contou um residente de Nkoé, sob anonimato.

Apesar de não haver registo de vítimas entre os moradores, o abandono das lavouras está a causar prejuízos. Animais selvagens e pragas têm invadido as plantações, comprometendo a segurança alimentar das famílias. “Macacos, lagartas e outras pragas estão a destruir a comida. Isso pode causar fome”, lamentou uma mulher deslocada em Nova Zambézia.

No dia 7 de abril, um grupo de mulheres foi surpreendido por supostos insurgentes enquanto recolhia água nas margens do rio Messalo. O episódio aumentou o clima de medo entre os habitantes de Nkoé e Nasaba, embora não tenham ocorrido mortes.

“Eles apareceram perto do rio, mas felizmente não fizeram mal a ninguém”, relatou uma das residentes.

Desde outubro de 2017, Cabo Delgado enfrenta uma insurgência armada com ligações a células extremistas associadas ao Estado Islâmico. O ataque mais recente de grande escala ocorreu em maio de 2024, quando mais de uma centena de rebeldes invadiram e saquearam a sede distrital de Macomia, resultando em mortes e confrontos intensos com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, apoiadas por militares do Ruanda.

De acordo com o Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), ligado ao Departamento de Defesa dos EUA, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques no norte do país apenas em 2024 — um aumento de 36% em relação ao ano anterior.

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