Manifestações agravam crise: 13 empresas encerradas em Inhambane e centenas de desempregados

recentes manifestações em várias regiões de Moçambique, desencadeadas pelo descontentamento popular face aos resultados das eleições gerais de 9 de outubro de 2024 e pelo aumento do custo de vida, estão a ter efeitos severos no setor económico da província de Inhambane. Segundo dados recentes, pelo menos 13 empresas — sobretudo dos setores do comércio, hotelaria e turismo — continuam de portas fechadas, deixando centenas de trabalhadores no desemprego.

A revelação foi feita esta semana por Marcelo Caetano, secretário provincial da Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM) em Inhambane, durante o arranque da Semana do Trabalhador, celebrada a 1 de maio. Caetano destacou que os maiores prejuízos foram registados precisamente nas áreas mais dependentes da estabilidade social e da atividade turística.

“Temos identificadas 13 empresas que encerraram temporariamente devido à instabilidade gerada pelas manifestações. A maioria pertence aos setores do comércio, turismo e hotelaria”, referiu.

De acordo com Caetano, há trabalhadores que foram dispensados sem compensações legais, situação que motivou a OTM a iniciar conversações com os empregadores para procurar soluções que permitam a reabertura dos negócios e a reintegração dos trabalhadores. “É fundamental evitar que jovens afetados pelo desemprego acabem por enveredar por caminhos como o crime, consumo de drogas ou prostituição”, advertiu.

Casos como o de Herculano Pacule, de 41 anos, ilustram o impacto humano da crise. Residente em Vilankulo e pai de seis filhos, trabalhava como agente de limpeza numa unidade turística. Desempregado há cinco meses, diz viver dias difíceis: “O meu patrão alegou que não tinha como continuar a pagar salários. A falta de turistas agravou tudo. Estou sem renda e, muitas vezes, a minha família dorme com fome.”

Outra vítima é Nércia Guambe, de 26 anos, moradora de Homoíne. Trabalhava numa loja de produtos alimentares que foi saqueada e vandalizada durante os protestos em janeiro. “A loja nunca mais reabriu. Vivemos de biscates, mas não é suficiente. A situação está muito complicada”, contou.

As manifestações pós-eleitorais, muitas vezes marcadas por episódios de violência, resultaram em elevados danos materiais a infraestruturas públicas e privadas, além de um número significativo de mortos, feridos e detenções, especialmente nas zonas urbanas.

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