Um recente estudo apresentado em Maputo revela que residentes das cidades de Maputo, Matola e Tete estão a consumir água contaminada, o que representa uma séria ameaça à saúde pública.
A pesquisa aponta que a água fornecida em algumas zonas urbanas dessas cidades apresenta contaminação por agentes patogénicos e substâncias químicas perigosas. Testes laboratoriais indicam presença de bactérias e compostos que podem causar doenças de origem hídrica.
António Mathe, responsável pela área de saúde pública no Observatório do Cidadão para a Saúde, alerta que, apesar da cobertura de abastecimento urbano atingir 84% e 37% nas zonas rurais, muitos moçambicanos ainda consomem água sem tratamento adequado. Ele defende não só o aumento do acesso, mas também a garantia de qualidade da água distribuída.
Nos bairros afetados pelas recentes inundações em Maputo, moradores relatam a chegada de água turva nas torneiras. Uma moradora insatisfeita desabafou: “Com essa água suja, não conseguimos nem lavar a roupa.” Outro residente da Matola reforçou a crítica: “Só usamos essa água para banho e lavar roupa, porque não é segura para beber ou cozinhar.”
António Mathe chama a atenção das autoridades para a necessidade urgente de maior responsabilidade na supervisão da qualidade da água. Para ele, “há sinais de negligência e falta de compromisso na gestão do fornecimento de água para as comunidades”.
Segundo o estudo, diversas famílias, em especial as mais carenciadas, relataram sintomas como diarreia, vómitos e dores abdominais após consumirem água da rede pública. A cidade de Tete também registou casos de água imprópria, conforme demonstraram análises feitas no local.
A organização considera que a estratégia multissetorial adotada pelo Governo tem falhado e que essa falha tem agravado a pressão sobre o sistema nacional de saúde. Até o momento, o Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG) ainda não se manifestou sobre os resultados do estudo.
