André Matsangaíssa Júnior, filho do primeiro comandante da RENAMO, denunciou publicamente que os combatentes desmobilizados no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) foram enganados pelas autoridades. Em declarações recentes, o líder político afirmou que Filipe Nyusi, Ossufo Momade e a comunidade internacional não cumpriram a promessa de garantir as pensões aos ex-guerrilheiros.
Apesar de, em julho do ano passado, o Presidente Nyusi ter assegurado que mais de 80% dos antigos combatentes da RENAMO já tinham começado a receber suas pensões, Matsangaíssa Júnior afirma que tal afirmação não corresponde à verdade.
“Até agora não recebemos nada. Quem afirma na televisão que todos foram pagos está a mentir descaradamente. Esta é a realidade que enfrentamos. Fomos desmobilizados, iludidos e traídos por Ossufo Momade, seu aliado Filipe Nyusi e o Grupo de Contacto das Nações Unidas”, declarou.
Para ele, o Governo moçambicano procura deliberadamente evitar o pagamento das pensões como forma de instigar tensões e manter o clima de instabilidade. “A FRELIMO lucra com a guerra, porque é com o conflito que surgem financiamentos e apoios. Sem guerra, não têm como sustentar-se”, acusou.
Matsangaíssa Júnior acrescentou que o Governo está a pressionar para que os antigos guerrilheiros regressem às matas, mas garantiu que nem ele, nem os membros da RENAMO ou da Junta Militar pretendem seguir esse caminho novamente. Em vez disso, anunciou que será redigida uma notificação formal para organizar manifestações pacíficas nas cidades.
Sobre o ataque recente ocorrido em Nhamapaza, supostamente ligado ao descontentamento dos desmobilizados, Matsangaíssa Júnior não hesita em considerar que se trata de uma tentativa de denegrir a imagem da RENAMO. “Querem manchar o meu nome, o da RENAMO e dos nossos desmobilizados. Hoje, não existe nenhum homem armado da RENAMO nas matas. Se for necessário, protestaremos nas cidades com o conhecimento do Governo. E, se não houver resposta, temos alternativas — mas não pretendemos regressar à guerra. Com que armas faríamos isso, afinal?”, questionou.
