Zimbábue Vai Pagar 3,5 Mil Milhões USD a Fazendeiros Brancos Expulsos em 2000

O governo do Zimbábue anunciou um plano ambicioso para compensar fazendeiros brancos que perderam suas terras durante as polêmicas reformas agrárias do início dos anos 2000. Ao todo, serão pagos cerca de 3,5 mil milhões de dólares norte-americanos, com cada fazendeiro a receber até 3 milhões, como parte de um acordo de compensação histórica.

A medida é vista como uma tentativa de revitalizar a economia zimbabueana, que continua mergulhada em crise há décadas, marcada por hiperinflação, instabilidade cambial e queda na produção agrícola. Desde 2000, quando o então presidente Robert Mugabe iniciou a redistribuição forçada de terras — retirando-as de fazendeiros brancos para entregá-las a cidadãos negros — a economia do país não mais se recuperou plenamente.

O ministro das Finanças, Mthuli Ncube, explicou que os pagamentos têm como objetivo corrigir os erros do passado e promover a reconciliação nacional. “Reconhecemos os danos causados e queremos restabelecer a confiança dos investidores e produtores agrícolas”, afirmou.

A iniciativa visa também atrair de volta parte dos antigos produtores agrícolas para impulsionar a produção de alimentos e aumentar as exportações. Observadores locais e internacionais apontam que o regresso de fazendeiros experientes pode ajudar a resgatar o setor agrícola, que já foi o pilar da economia do país.

Entretanto, o plano não está isento de controvérsias. Grupos de defesa dos direitos dos camponeses e líderes da sociedade civil alertam para a necessidade de o governo garantir que os agricultores negros que ocuparam as terras também recebam apoio técnico e financeiro, para evitar novos desequilíbrios.

Desde a independência, o Zimbábue já experimentou nove moedas diferentes e, mesmo com reformas e tentativas de estabilização, o país enfrenta altos níveis de desemprego e um sistema de saúde colapsado.

Analistas debatem se a readmissão dos fazendeiros brancos será suficiente para inverter o declínio económico, mas a medida já representa um sinal de mudança política e tentativa de reconstrução nacional.

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