Vários bairros da cidade e da província de Maputo estão a enfrentar sérias dificuldades de transporte desde a última terça-feira (13), devido a uma paralisação informal por parte dos operadores de “chapas”. A greve, motivada por intensas fiscalizações da Polícia Municipal, está a deixar milhares de passageiros — entre estudantes e trabalhadores — sem alternativas viáveis, obrigando muitos a caminhar longas distâncias.
Em diversos pontos, grupos de jovens conhecidos como “modjeiros” estão a atuar como bloqueadores, impedindo a circulação de transportadores que tentam continuar a trabalhar. Há relatos de pneus furados e ameaças contra quem insiste em operar, criando um ambiente de tensão nas principais rotas.
Os transportadores reconhecem a legalidade das exigências da polícia, como a apresentação de carta de operador público e outros documentos, mas pedem um prazo razoável para regularizar a sua situação.
“É compreensível que exijam documentos em dia, mas surgiram em massa, pedindo até coisas que antes nunca foram cobradas. Como manter a inspecção em dia com estradas que danificam constantemente os nossos carros?”, questionou Eugénio Samuel Sitoe, que faz a rota Machava-Matola-Gare.
Outro operador, Manuel Massingue, relatou que alguns colegas têm sido obrigados a abandonar as rotas após poucos trajetos. “Quem tenta continuar enfrenta os ‘modjeiros’. Vi um colega da rota Xipamanine-Matola-Gare ter os quatro pneus furados enquanto seguia viagem”, disse.
Álvaro João Nhampossa, também transportador, revelou que está a operar sob pressão e medo. “Temos que levar passageiros às escondidas, por vias secundárias e perigosas, para evitar tanto os polícias como os jovens que nos intimidam”, contou.
Os passageiros não escondem o desespero. “Na terça-feira, saí de casa às 14h00 rumo a Xipamanine. Tive que andar a pé em parte do trajeto e só cheguei às 17h00. Para voltar, enfrentei a mesma saga. Entrei em casa às 20h30”, contou Maria Loforte, utente da rota.
A situação está a impactar diretamente os preços cobrados pelas viagens. Na rota Matola-Gare-Machava, a tarifa subiu de 15 para 25 meticais. Já na linha Xipamanine-Matola-Gare, o valor passou de 24 para 35 meticais, sendo exigido o pagamento no início da viagem.
