Maputo — Após as controversas eleições autárquicas e gerais de 2023 e 2024, um nome emergiu como símbolo de resistência, consciência e transformação: Venâncio Mondlane. Enquanto a repressão, o medo e a apatia ainda ecoavam nas ruas do país, Mondlane surgia como uma voz ativa, uma presença constante tanto nas manifestações como nas plataformas digitais. Para muitos, ele não apenas denunciou injustiças — ele matou velhos vícios do povo moçambicano.
“Venâncio também matou durante as manifestações pós-eleitorais”, dizem alguns com um toque de ironia e admiração. Mas não matou vidas — matou ignorância, matou a bajulação, matou o medo e matou o individualismo.
Hoje, milhares de jovens se mostram mais conscientes, politizados e prontos para questionar o sistema. “Antes eu achava que política era só para os grandes, agora entendo que o país é também meu e que eu devo lutar por ele”, diz Elsa J., estudante de 22 anos em Maputo.
Venâncio matou a ignorância ao promover, através de lives e discursos públicos, a busca pelo pensamento crítico. Seus apelos à justiça social inspiraram uma juventude cansada de promessas vazias.
Ele matou o individualismo, promovendo um espírito de solidariedade em que campanhas de doações, “vaquinhas” comunitárias e redes de apoio se tornaram práticas comuns, especialmente durante os momentos de repressão policial.
A bajulação, marca típica da cultura política moçambicana, foi enfraquecida. As falas incisivas e corajosas de Mondlane desarmaram bajuladores profissionais e deram lugar a um discurso mais independente e exigente. Muitos deixaram de bater palmas a líderes inertes e passaram a cobrar ações reais.
Mais ainda, matou o medo de desagradar: intelectuais, jovens artistas, jornalistas e até religiosos começaram a se manifestar com mais coragem, apontando responsabilidades e exigindo mudanças, mesmo sob riscos.
Com isso, matou também o sono de muitos políticos, que voltaram a aparecer em público e a tentar reconectar-se com o povo, temendo perder a relevância diante do crescente apoio popular ao movimento liderado por Mondlane.
Moçambique já não é o mesmo. A juventude está atenta. O povo está acordado. As redes sociais tornaram-se trincheiras de ideias e denúncias. E tudo isso começou quando um homem decidiu falar e caminhar ao lado do povo, sem medo.
Enquanto nomes como Ossufo Momade permanecem alheios, ausentes e criticados pela base da própria RENAMO, Venâncio Mondlane continua a ganhar espaço — não apenas como político, mas como símbolo de uma nova consciência social.
