Por Redação Notícias de Todos | 4 de Junho de 2025
O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane lançou oficialmente o partido político Anamalala – Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo, como resposta direta ao que classifica de um regime “capturado” pela corrupção e repressão. No entanto, mesmo após ter submetido toda a documentação necessária ao Ministério da Justiça e Assuntos Religiosos, o partido ainda não foi legalizado, levantando suspeitas sobre medo político e pressão do sistema.
O Significado do Nome e sua Origem nos Protestos
O nome “Anamalala”, de origem macua, significa “vai acabar” ou “acabou”, e foi consagrado como grito de guerra durante os protestos populares que tomaram conta do país após as polêmicas eleições de 2024. Mondlane tornou-se símbolo de resistência após desafiar os resultados e liderar manifestações que terminaram de forma trágica, com a morte de cerca de 400 pessoas, incluindo o seu advogado, Elvino Dias.

“Anamalala é a única força política verdadeira que ainda não foi capturada pelo sistema”, afirmou Mondlane no Oslo Freedom Forum, em maio, onde fez um apelo por apoio internacional para a legalização do partido.
Processo de Legalização em “Banho-Maria”
Apesar do processo estar dentro do prazo legal de 60 dias, o andamento lento levanta dúvidas sobre motivações políticas por trás da demora. Muitos analistas acreditam que o regime tema o surgimento de uma força política com forte base jovem, popular e combativa, capaz de abalar os alicerces das atuais estruturas de poder.
Negativas e Especulações
Rumores circularam nas redes sociais afirmando que o partido havia sido rejeitado, mas o assessor político de Mondlane, Dinis Tivane, negou essas alegações. Ele assegurou que o processo segue em tramitação e que qualquer exigência formal será cumprida.
O jornal Polígrafo África também desmentiu oficialmente as alegações de rejeição e confirmou que o pedido ainda está sob análise do Ministério da Justiça.
Desconfiança do Sistema e Acusações Graves
Venâncio Mondlane, ex-membro da Frelimo, não mede palavras ao afirmar que o partido no poder transformou-se numa “organização criminosa”. Segundo ele, todos os canais de participação política estão viciados e manipulados.
“O regime já abocanhou tudo: partidos, imprensa, polícia, tribunais. Mas não nos terão”, declarou Mondlane em entrevista ao Diário Económico.
O que se teme?
O medo de legalizar o Anamalala parece residir no potencial de mobilização do partido e na figura de Mondlane, que já provou ser um catalisador de revolta popular. Para o regime, reconhecer legalmente esse novo partido significaria abrir as portas para uma ameaça real ao seu domínio político.
Além disso, há o receio de que o Anamalala funcione como uma plataforma de denúncia internacional contra abusos de direitos humanos e manipulação eleitoral em Moçambique.
Conclusão
O Anamalala ainda aguarda a resposta oficial das autoridades, mas o atraso na sua legalização levanta suspeitas sobre o futuro da democracia em Moçambique. O partido pode até ainda não existir no papel — mas já vive no coração de milhares de moçambicanos que clamam por mudança.