Enquanto o mundo assiste apreensivo à escalada das tensões entre Israel e Irã, um grupo seleto de empresários e investidores está colhendo os frutos — em forma de lucros milionários — da instabilidade geopolítica. A guerra, que já mobilizou exércitos e afetou populações civis, tornou-se também um motor de crescimento para a indústria de defesa e tecnologia militar.
Entre os principais beneficiados está Michael Federmann, bilionário israelense e presidente do conselho da Elbit Systems, uma das maiores fabricantes de armamentos do país. A empresa, especializada em drones, sistemas de vigilância, mísseis e tecnologia de guerra eletrônica, viu seu faturamento disparar em 2025. No primeiro trimestre do ano, a Elbit reportou um aumento de 22% na receita, alcançando cerca de US$ 1,9 bilhão, e um backlog histórico de US$ 23,1 bilhões em pedidos — um sinal claro de que a demanda por seus produtos militares está em alta.
As ações da empresa subiram mais de 60% desde janeiro, acompanhando o aumento do orçamento de defesa de Israel e os crescentes pedidos internacionais por equipamentos bélicos. Analistas destacam que, à medida que o conflito se intensifica, empresas como a Elbit tornam-se protagonistas invisíveis da guerra.
Mas Federmann não está sozinho nesse cenário. Peter Thiel, cofundador do PayPal e investidor de risco no Vale do Silício, também tem se beneficiado da instabilidade global por meio de seus investimentos na Palantir Technologies e na Anduril Industries — empresas que desenvolvem tecnologia para inteligência militar e defesa cibernética. A Palantir, por exemplo, fornece software de análise para forças armadas e agências de segurança dos Estados Unidos e aliados.
Outro nome em destaque é Gautam Adani, magnata indiano do conglomerado Adani Group, que tem negócios em infraestrutura estratégica e, mais recentemente, expandiu seus investimentos no setor de defesa da Índia — uma região que também está em alerta com os desdobramentos do Oriente Médio. Já Bill Ackman, gestor do fundo Pershing Square, tem colocado apostas em empresas que se beneficiam de contratos militares e instabilidade global.
Guerra: Tragédia para Muitos, Lucro para Poucos
Apesar da destruição, perdas humanas e deslocamento de populações civis, a guerra tem mostrado mais uma vez seu poder de alimentar a indústria do medo. Enquanto diplomatas tentam evitar um colapso regional, os mercados financeiros recompensam quem apostou nos setores certos.
Críticos apontam que o lucro em tempos de guerra revela o lado mais perverso do capitalismo moderno: a capacidade de transformar conflitos armados em oportunidades de negócios para poucos, enquanto milhões de pessoas pagam com a vida ou com a liberdade.
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