Uma nova e controversa rede social chamada Twocents está a transformar a forma como as pessoas se identificam online. Em vez de nomes de usuário, a plataforma exibe o valor do patrimônio líquido verificado de cada membro – e isso é tudo o que aparece na bio. Sem frases inspiradoras, bandeiras, ou emojis. Apenas o número que representa quanto você tem.
Desde o seu lançamento em dezembro de 2024, ainda em versão beta, a rede já atraiu cerca de 1.400 utilizadores, conectando mais de 150 milhões de dólares em ativos por meio de serviços como o Plaid. A ideia radical tem levantado discussões intensas sobre transparência, vaidade digital, exclusão social e o futuro da identidade nas redes sociais.
Como funciona a Twocents?
Ao criar uma conta, o utilizador precisa conectar suas contas bancárias e carteiras digitais — incluindo criptoativos e investimentos — para que o sistema calcule automaticamente o valor total do seu patrimônio. Esse valor torna-se o seu “nome público”, sempre precedido por um cifrão, como se fosse: “$248.000”. É possível interagir com outras pessoas, entrar em enquetes e grupos, tudo com base em rankings e comparações financeiras.
A rede não exige e-mail nem número de telefone, promovendo um certo grau de anonimato — ainda que vinculado a dados extremamente sensíveis. Os fundadores dizem que o objetivo é estimular conversas com base em “credibilidade real”, substituindo influências superficiais por fatos financeiros.
Quem está por trás do projeto?
A startup recebeu US$ 3 milhões em financiamento pré-seed de fundos como Dragonfly e Starting Line, e já planeja expandir para novos recursos, incluindo eventos ao vivo, categorização de ativos e futuras integrações com imóveis e dívidas. O maior patrimônio exibido até agora na plataforma foi de US$ 16 milhões.
Críticas e preocupações
Apesar do interesse inicial, a proposta tem sido classificada por muitos como elitista e excludente. Especialistas apontam que transformar a identidade digital em uma competição de riqueza pode:
- Aumentar a pressão psicológica sobre usuários menos favorecidos;
- Criar divisões sociais digitais ainda mais profundas;
- Estimular a ostentação e a vaidade, ao invés de conexões genuínas;
- Levantar sérias questões de privacidade financeira, mesmo com anonimato parcial.
Há também o risco de que o uso da Twocents contribua para uma cultura de comparações tóxicas e autoestima baseada em dinheiro — um movimento contrário ao que muitas plataformas estão tentando corrigir.
Tendência ou delírio digital?
A Twocents é vista por alguns como uma inovação disruptiva, capaz de redefinir como interagimos socialmente na internet. Para outros, é apenas um reflexo perigoso do mundo moderno, onde o valor de uma pessoa é medido pelo que ela possui — agora, literalmente.
Resta saber se essa ideia ganhará tração global ou será apenas mais uma tentativa polêmica de reinventar as redes sociais.